A gente vê muito por aí filhas aproveitando receitas de suas mães, avós e outros parentes próximos ou longínquos. Receitas de família, que se tornam tradicionais e se eternizam nas mesas de muitos almoços, jantares e cafés com bolos.
Aqui em casa isso também acontece: minha mãe é e minhas avós foram, cozinheiras formidáveis. Do doce ao salgado, só delícias, cada uma com suas especialidades. Mas também pode acontecer o contrário: aprender com a geração que vem depois da gente, os filhos.
Eu, então, sou bem sortuda, aprendo com antecedentes e a descendente: Marina, minha filha, tem um canal no YouTube, o Confissões de uma Doceira Amadora, onde aparecem, duas vezes por semana, receitas de doces divinos. Os vídeos são muito simpáticos, envolvem comida boa, doces modernos e tradicionais, além de amigos e parentes fazendo graça (inclusive eu). Recomendo.
Aqui um video que explica a nossa Nega Maluca.
Como diz Marina: “Vai lá, dá um like e assina o canal”!
No início de 2012 convidei a todos a começar o novo ano usando a criatividade. Continuo acreditando nisso: é preciso ser criativo para renovar o velho, inventar o novo e valorizar o desgastado. Está tudo em nossas mãos, basta querer colorir a vida e torná-la o melhor que pode ser.
Esse vídeo, do Gustavo Horn, integrante de uma das famílias mais criativas aqui de Curitiba e ele mesmo uma cabeça jovem cheia de ideias e ações, é uma inspiração.
Eu gosto de escritos. Jovenzinha, tinha um diário, onde escrevia sabe-se lá que tipo de coisa e do qual infelizmente dei cabo. Hoje adoraria ver o que pensava quando tinha 14 anos. Cartas, centenas e guardadas: imagino eu e meu marido, não enxergando nem a ponta dos próprios narizes e relendo a história de nosso começo. Foram textos e mais textos sobre Síndrome de Down, sobre inclusão. Para todos os eventos familiares, um discursinho, devidamente escrito, falado e arquivado por uma curta eternidade.
Pena que, para muita gente, escrever é como ler: muitos pensam que não gostam. Digo pensam porque acredito que quem diz que não gosta de ler, só não encontrou o livro certo – e o que é pior, deixou de procurá-lo há muito tempo.
Escrever também é assim. Um preconceito aprisiona o escritor que há em cada um. Por medo do erro ou da falta de assunto, deixa de colocar no papel e de proteger da volatilidade característica aos pensamentos, a sua história, as íntimas e incompartilháveis minhocas. Nem sempre escrevemos para sermos lidos por outros, escrever também organiza ideias, deixa um registro do que fazemos, pensamos ou planejamos. Nossa existência, dizem, dura enquanto alguém lembra de nós e irá se esvaindo, feito fibras de um tecido que o tempo cuida de esgarçar. Já o que deixarmos escrito, ficará.
Então, recomendo: escreva. Registre, se não para a eternidade, no mínimo para um dia poder sentar e recordar-se de si mesmo. Escreva o que bem entender: até agendas, revisitadas, nos lembram de lugares em que estivemos e coisas que fizemos. Escreva cartas, bilhetes, listas de desejos ou planos, faça álbuns e escreva lá o que as fotos significam. Escreva suas receitas em um caderno, anote as frases engraçadas dos seus filhos ou netos em algum papel e guarde – a gente acha que nunca vai esquecê-las, mas… esquece, se não estiverem escritas. Quando precisar dizer algo a alguém e não souber como, escreva – a escrita aceita revisões, complementos, até que o seu objetivo esteja todo ali.
Esse livro – One Line a Day – é dica bacana: um lugar para escrever alguma coisinha por dia durante 5 anos. Encontrei aqui, no A Series of Serendipity, da Melina.
Muitos filmes se baseiam em coisas escritas. Mostro aqui um dos meus preferidos e logo abaixo uma lista dos que lembrei que têm escritos como tema principal. E tem outros dos quais já falei, aqui e aqui.
Mensagem para você: mensagens trocadas pela internet. Um amor nasce por escrito. Julie e Julia: uma garota resolve testar e escrever sobre as receitas deixadas por cozinheira famosa no passado. Cartas para Julieta: cartas escritas há anos e uma garota que resolve entregá-las. Uma doce mentira: uma carta escrita e mal interpretada. Central do Brasil: cartas escritas na estação central para pessoas que não sabem… escrever. Escrito nas Estrelas: um nome e telefone escritos em um livro que precisa ser encontrado para provar que o destino existe… Nunca te vi, sempre te amei: casal que se corresponde durante toda a vida.
Você lembra de mais algum? Me conta que coloco aqui. E para finalizar esse longuíssimo post, uma cena de um filme que precisava da escrita:
A caixa do post anterior acabou virando uma explosão de cores. Combiná-las é a parte divertida do negócio. Mas sujeita a acertos e erros pois o gosto por cores é absolutamente subjetivo. Não é por nada que dizemos “O que seria do amarelo…”
E esse vídeo parece uma festa de cores!!
Marina tem uma teoria: e se aquilo que eu chamo de vermelho, na verdade, é o teu azul? Se eu vejo o céu vermelho, como vou saber que você vê outra cor, se ambos a chamamos de azul, sem saber se é a mesma para os dois? Vou deixar você pensando nisso. E eu fico aqui pensando que tenho falado muito na minha filha. Será saudade?
Você tem fome de que? Quem vive de dieta (tem alguém aí que nunca lida com controle, excessos e culpa quando se trata de alimentos?) deve estar pensando em pratos de macarrão, fatias de bolo ou pizza, barras de chocolate, sanduíches transbordantes. Mas fome pode ser bem mais abrangente. E necessária. E fundamental para viver.
É a fome de viver mais um dia que te tira da cama todas as manhãs. É o apetite pelas coisas novas, pelas companhias antigas, pela colheita de resultados que te impulsiona para a frente. Desejos, sonhos, projetos são os alimentos que enchem a despensa dessa fome. E é desse apetite que nos movimenta que precisamos imbuir nossos filhos, frutos de uma geração que teve algo entre muita sorte e muito azar, de ter tudo mais fácil, mais rápido, menos esperado e menos sofrido. Para serem felizes, que tenham fome, que tenham sede, que corram atrás, que lutem com voracidade por seu lugar no mundo, que saibam saborear suas conquistas. Sobre esse assunto, se quiser ler um texto longo, mas imperdível, da Eliane Brum, entre.
Essa imagem e poesia de Fernando Pessoa vieram da Melina e seu gracioso blog.
Às vezes me esqueço que esse blog originalmente fala de artesanato. É hora de mostrar ao menos uma coisinha… O assunto é fome, apetite, alimentos e a associação natural com nossas artes seriam pratos (que já mostramos aqui) e bandejas. A elas, então.
Jô Bibas, fonoaudióloga e artesã. Aqui mostro minhas artes e ideias e de amigas de longa data. Cada uma com seu talento, seu jeito, suas cores.
Curitiba/PR.