Já estava na hora de falar de um dos blogs de que mais gosto, o Circulando por Curitiba. O dono dele, o Washington, sabe retratar nossa cidade de um jeito especial: vai no detalhe, do que há de mais típico ao mais incomum. As casas de madeira, as pessoas em situações cotidianas ou inusitadas, os pontos turísticos sob outra ótica.
Ele participa com frequência do Croquis Urbanos, não desenhando, mas fotografando o local e os croquiseiros.
Washington, com tantos registros sobre a cidade, quer publicar um livro, pronto e tinindo à espera de um patrocínio. Se você estiver pensando em apoiar uma ideia, deixe sua marca nessa excelente coleção de imagens sobre Curitiba.
O calendário do qual falei aqui, como todo bom calendário, está com seus dias contados. 2012 se aproxima de seu fim, mas 2013 vem com outro calendário como aquele, com imagens de pontos turísticos curitibanos.
O mais bacana é que ele serviu de inspiração para uma arte da Suli K., estampada numa caixa para controles-remotos. Ficou lindo.
O calendário é da Trio Estudio Design e veio da Verônica, que tem um blog muito bacana. Bom 2013!
Poty Lazzarotto (1924-1998), junto com nomes como Paulo Leminski e Dalton Trevisan, é a cara de Curitiba. Nesse sábado, lendo o jornal no café da manhã, encontrei a notícia (que considerei um convite): passeio de ônibus pela cidade, vendo os murais de Poty, ciceroneada por uma especialista no assunto. Irresistível. Fui.
Saindo do já comentado Museu Oscar Niemeyer, onde nos fins de semana acontece o ParCão, passeamos pela cidade em um confortável ônibus da Volvo (pausa para palmas aos envolvidos nessa iniciativa simples e eficiente).
O MON e o ParCão.
Visitamos 4 murais (são algo em torno de 40, só em Curitiba – tem também em Paris e na ONU em Nova Iorque).
Fachada do Teatro Guaíra.
Detalhe do mural do Teatro: Shakespeare.
Praça 19 de Dezembro. O primeiro mural: 1953
Largo da Ordem. Foto afanada do Circulando por Curitiba
Durante o trajeto, Daniela Pedroso, a craque em Poty, levantou uma questão que saiu junto comigo do passeio e ainda está aqui no meu bolso mental: o quanto nossas crianças hoje em dia aprendem através de estímulos visuais, mas ao mesmo tempo, o quanto não se atêm mais a detalhes. O bombardeio de informações nos faz quase incapazes de filtrar o que realmente importa. O reflexo disso, associado, é claro, à pressa, ao trânsito e à cabeça pensando em 1000 coisas, é que passamos por tantos lugares e obras de arte em nossas ruas e praças e nem percebemos que elas estão ali. Que desperdício.
A gente devia andar pelas calçadas. A gente devia olhar em volta. A gente devia sentar em bancos de praças. Ouvi dizer que a vida já foi assim.
Mais informações sobre Poty, nesse post do Circulando por Curitiba. E no livro da Daniela Pedroso, Poty: Murais Curitibanos, à venda na loja do Museu Oscar Niemeyer.
Minha Curitiba
Era Schaffer, Ghignone e Matte Leão,
Era calma, segura e fria todas as manhãs.
Curitiba é parque, é pinheiro, é pinhão.
É Passeio Público, Guaíra e calçadão.
É verão com geada,
Quentão com gemada,
Inverno com calor,
Um casaquinho sempre a seu dispor.
É Lerner, é Giba, é Chaim,
É taxi laranja, Ligeirinho, Capão Raso-Xaxim.
É vina, é pastel, é empada do Pudim.
Curitiba de gente polaca, italiana, alemã,
do pierogi, da polenta e do strudell de maçã.
Curitiba de Leminski, Trevisan, Poty e Kolody,
Mora no coração e todos os dias,
De novo,
Me sorri.
Aceitei o convite do blog Circulando por Curitiba e contei o que a cidade é para mim. E a sua Curitiba? Você que é daqui ou que daqui levou uma impressão, comente e defina Curitiba com uma palavra, uma frase, um nome, um lugar, uma sensação, um jeito de ser. Quem sabe a gente arrisca mais algumas rimas bobas.
Curitiba é cheia de parques, que bom! Tem para todos os gostos, objetivos, temas. Para caminhar, para deitar na grama, para ver a cidade do alto. Longe, perto, ao lado de casa. Basta escolher. Quando quero caminhar (não se deixe enganar, não acontece com muita frequência), prefiro o São Lourenço, por ser um dos mais perto de casa. E porque é lindo.
Academia ao ar livre. Tem em todos os parques e praças de Curitiba.
No Parque São Lourenço tem frases dos nossos poetas.
Ele sempre soube.
Tem espaço para leitura.
E o mais bacana: é lá que fica o Centro de Criatividade de Curitiba. Muitas artes e artistas de nossa cidade começam ali.
O MON merece um livro (que já existe, é claro, na livraria no museu), e um postzinho num blog nem pode ter a pretensão de quantificar a magnitude dessa construção, dessa arquitetura que impressiona quem passa por perto.
Uma das características do Museu é este vão livre, o segundo maior do Brasil.
As imagens do Olho, visto de baixo, impressionam.
Bom mesmo é quando algum motivo me leva para dentro do Museu do Olho e dessa vez foi a exposição Pequenas e Grandes Histórias de quem tem o que dizer, que recomendo. Perfis de pessoas que fazem parte da história do Paraná atual. Belos textos, belas fotografias, fiquei feliz por ter ido.
O acesso à torre do Olho passa por esse túnel meio lunático.
Pelas fotos, percebe-se que não havia sol. Comunico então que, quanto ao verão/2012, Curitiba resolveu que não vai aderir. Os dias são cinzas, a temperatura é baixa, a chuva aparece com frequência. Resolvemos adiantar o calendário para o outono, ao que tudo indica.
Aqui imagens feitas em junho. Para provar que nossa cidade tem sol. E por-do-sol.
A primeira vez que o vi foi na casa da minha mãe. Meu pai, muito antenado, comprou um exemplar na banca de revistas. Como sou apaixonada por Curitiba e por desenho, dá para imaginar que me encantei com a ideia. Fui atrás do meu e agora já tenho. Aliás, acho que esse calendário será um bom presente de Natal. Ou de Ano Novo. Com os desejos de um super 2012!
Nele aparecem ícones do turismo curitibano, como o Jardim Botânico, a Catedral, o Bondinho, o Museu Oscar Niemeyer, o Bosque Alemão, do qual já falei aqui. Para saber mais sobre o calendário entre em Trio Estudio Design.
Aproveito para mostrar aqui e agradecer a Zélia Bettega a linda caixa de mosaico que ganhei. Combinou perfeitamente com minha sala azul!
Curitiba é conhecida pela quantidade e qualidade de seus parques. E são muitos, mesmo, e um é especial, o Bosque do Alemão. Além de estar imerso em uma floresta com grandes escadarias e estruturas de madeira, ele tem um caminho dentro do bosque onde andando, de tempos em tempos, você encontra painéis de azulejos que contam a história de Hänzel und Gretel (João e Maria). Bem no coração dessa pequena floresta está a Casa da Bruxa, que no nosso caso é uma simpática velhinha que, ao invés de comer criancinhas, prefere contar histórias para elas. A casa abriga uma biblioteca onde meninos e meninas podem deixar a imaginação voar, ao pé de uma lareira acesa, quando o frio por aqui aperta.
Estruturas de madeira e vista de Curitiba.
João e Maria nos azulejos. Dá vontade de deixar pedrinhas marcando o caminho.
Casa de Bruxa. Boa, porque conta história!
Tem bolacha da D. Erika no Bosque!
Falando em crianças e livros, me lembrei de mim, criança, e da minha relação com livros. Dá pra fazer uma lista das coisas que esse simples pensamento me traz:
1. as coleções da Condessa de Sègur e da Laura Ingalls que embalaram minhas fantasias de menina. Colonização americana e governantas faziam parte do meu imaginário.
2. minhas caminhadas pelos corredores do Sion, feliz feito um cabrito, mas controlada nos passos como a educação rígida exigia (não me matou. Será que não é disso que nossos filhos sentem falta?). Lá ia eu pegar mais um livro para encher a minha ficha de biblioteca.
3. na casa de meus avós, em Blumenau, nas frias férias de julho, a alegria que sentia ao encontrar as coleções de Condensados da Seleções de meu tio Werner, livros em português! Meu avô era um leitor que levava a coisa a sério, mas só lia (e falava) em alemão.
E falando em crianças e livros, também me veio o filme You’ve Got Mail, que tem essa biblioteca:
E essa cena:
Essa conversa sobre livros e crianças tem um objetivo, você já deve ter percebido, certo? O Dia das Crianças está chegando e esse é um excelente momento para você analisar livros infantis que tiver em casa. Ou arrecadar com pessoas que conheça. E gibis, sempre! E não precisa ser só livro infantil, pois hoje temos diversos destinos para os livros que você pode “soltar” de suas estantes. Chega de prender livros. Eles estão loucos para seguir viagem.
Se for de Curitiba, encaminhe-os para nós, para a Freguesia do Livro. Se for de algum outro lugar, procure iniciativas como a nossa, existe muita gente incentivando a leitura por aí. Para saber mais sobre esse trabalho: www.freguesiadolivro.com.br
Três coisinhas para encerrar esse post compridíssimo:
1. quando fui tirar as fotos no Bosque do Alemão, vi um taxi parado na frente do parque e seu motorista catando amoras! Aproveitei também!
2. Onde gosto de ler: A a combinação cama-abajour-livro para mim é imbatível, e com um friozinho lá fora, então, sensacional. Ok, a cama pode ser substituída por sofá, rede, toalha na areia, cadeira macia, colo. Ponto de ônibus, saguão de aeroporto, assento de avião, sala de espera de dentista, quem se importa. Relação sem endereço, ela acontece em qualquer lugar.
E você, onde gosta de ler? Conte-me, por favor.
3. Agora chega! Mais uma cena de um filme que gosto e que tem toda a história relacionada a um livro que precisa ser encontrado para que tudo dê muito certo. E o livro é o Nos Tempos do Amor e do Cólera, de Gabriel García Marquez. Sensacional.
Atrás do já mencionado Museu Oscar Niemeyer existe um espaço para lá de democrático: o Parcão. É um gramado grande, nas beiradas do Parque do Papa (essa cidade tem parque para tudo, ainda bem), onde cães de todas as raças e seus donos passeiam pacificamente. Entre rosnados e lambidas, regras de higiene e convivência mantêm o clima super agradável. Tomei emprestadas do Vinícius Rosnoski essas fotos que mostram a delícia que é.
Eu também tenho uma gracinha em casa. Mas ela não frequenta o Parcão porque tem certeza de que não é um cachorro, mas sim uma pessoa bem baixinha…
Jô Bibas, fonoaudióloga e artesã. Aqui mostro minhas artes e ideias e de amigas de longa data. Cada uma com seu talento, seu jeito, suas cores.
Curitiba/PR.