Eu gosto de escritos. Jovenzinha, tinha um diário, onde escrevia sabe-se lá que tipo de coisa e do qual infelizmente dei cabo. Hoje adoraria ver o que pensava quando tinha 14 anos. Cartas, centenas e guardadas: imagino eu e meu marido, não enxergando nem a ponta dos próprios narizes e relendo a história de nosso começo. Foram textos e mais textos sobre Síndrome de Down, sobre inclusão. Para todos os eventos familiares, um discursinho, devidamente escrito, falado e arquivado por uma curta eternidade.
Pena que, para muita gente, escrever é como ler: muitos pensam que não gostam. Digo pensam porque acredito que quem diz que não gosta de ler, só não encontrou o livro certo – e o que é pior, deixou de procurá-lo há muito tempo.
Escrever também é assim. Um preconceito aprisiona o escritor que há em cada um. Por medo do erro ou da falta de assunto, deixa de colocar no papel e de proteger da volatilidade característica aos pensamentos, a sua história, as íntimas e incompartilháveis minhocas. Nem sempre escrevemos para sermos lidos por outros, escrever também organiza ideias, deixa um registro do que fazemos, pensamos ou planejamos. Nossa existência, dizem, dura enquanto alguém lembra de nós e irá se esvaindo, feito fibras de um tecido que o tempo cuida de esgarçar. Já o que deixarmos escrito, ficará.
Então, recomendo: escreva. Registre, se não para a eternidade, no mínimo para um dia poder sentar e recordar-se de si mesmo. Escreva o que bem entender: até agendas, revisitadas, nos lembram de lugares em que estivemos e coisas que fizemos. Escreva cartas, bilhetes, listas de desejos ou planos, faça álbuns e escreva lá o que as fotos significam. Escreva suas receitas em um caderno, anote as frases engraçadas dos seus filhos ou netos em algum papel e guarde – a gente acha que nunca vai esquecê-las, mas… esquece, se não estiverem escritas. Quando precisar dizer algo a alguém e não souber como, escreva – a escrita aceita revisões, complementos, até que o seu objetivo esteja todo ali.
Esse livro – One Line a Day – é dica bacana: um lugar para escrever alguma coisinha por dia durante 5 anos. Encontrei aqui, no A Series of Serendipity, da Melina.
Muitos filmes se baseiam em coisas escritas. Mostro aqui um dos meus preferidos e logo abaixo uma lista dos que lembrei que têm escritos como tema principal. E tem outros dos quais já falei, aqui e aqui.
Mensagem para você: mensagens trocadas pela internet. Um amor nasce por escrito. Julie e Julia: uma garota resolve testar e escrever sobre as receitas deixadas por cozinheira famosa no passado. Cartas para Julieta: cartas escritas há anos e uma garota que resolve entregá-las. Uma doce mentira: uma carta escrita e mal interpretada. Central do Brasil: cartas escritas na estação central para pessoas que não sabem… escrever. Escrito nas Estrelas: um nome e telefone escritos em um livro que precisa ser encontrado para provar que o destino existe… Nunca te vi, sempre te amei: casal que se corresponde durante toda a vida.
Você lembra de mais algum? Me conta que coloco aqui. E para finalizar esse longuíssimo post, uma cena de um filme que precisava da escrita:
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Jo eu tambem tinha diario e depois de anos de casada joguei fora.Ha um ano e meio comecei novamente via computador.Modernifades adoro escrever!O filme Nunca te vi sempre te amei eu assisti ha muitos anos excelente ! Bjs
É Jô, para quem gosta de escrever é muito bom mesmo e incompreensível que alguém não goste.
Me lembrei do filme “Diário de uma paixão”, também baseado na escrita de um diário, lindo demais…
Um grande abraço
Vania
Jô, se não viu, assista: Nunca te vi, sempre te amei” é uma poesia…
bjo
Jô, que post mais lindo! Eu tenho mania de registrar tudo…escrever sempre foi minha salvação.
Vi todos os filmes que você mencionou e fiquei emocionada com o trecho do vídeo, eu adoro esse filme.
Tem um filme lindo (eu até comprei para rever), Nunca te vi, sempre te amei, é uma história de amor e tudo acontece através das cartas, acho que você vai adorar..
Bjs
Jô, me emocionei com teu texto… Penso dessa maneira também e o blog ajudou a libertar a escritora que existia em mim, hehe… Muitas vezes escrevo cartinhas para amigos nos aniversários e todo mundo gosta de receber, mais do que o presente… Um livro, por exemplo, que eu ganho, sem dedicatória não tem tanta graça… Escrever faz a gente se conhecer melhor também…
Linda a imagem do teu texto, aquele ursinho fofo, e a nostalgia de poder ter feito coisas que não fizemos ou não ter escrito coisas para guardar…
Beijãooo e bom fim de semana lindona
Aliny Ler e Amar
E o que tu falou sobre os livros é muuuito verdadeiro… Quem diz que não gosta de ler ainda não encontrou seu livro… E amei PS Eu te Amo, chorei que me acabei, hehe…
sabe Jô eu tinha um caderno onde minhas amigas escreviam poesias, recadinhos, comentários, desabafos. Todas escrevíamos bobagens naquele caderno. Isso nos anos 60, tem noção?
Acredita que o danado perdeu-se? quando me casei em 70, ele ficou com uma amiga, Sandra, que morreu alguns anos depois (uma tragédia) e parece-me que seu marido deu um fim no caderno.
Nunca vou me perdoar por não te-lo mais. Mas meu marido tinha ciumes do tal caderno, porque meu primeiro namorado (e primeiro amor) estava nele, e isso era imperdoável para um cara ciumento.
Fui atrás do caderno algum tempo atrás, ninguém sabe, ninguém viu…
uma pena, a-d-o-r-a-r-i-a reler aquelas páginas!
Bem, gosto de ler e de escrever, portanto, dou um grande valor a essas recordações.
Um beijo querida, adorei essa postagem.
Só fui descobrir minha grande paixão pela escrita quando comecei meu blog sobre maternidade. Nossa, como me divirto escolhendo palavras, pensando na estrutura do texto e no jeito de contar! Nao vejo a hora de começar a escrever meus próprios livros. Posso nao vender nenhum, mas sei que terei diversão garantida! 🙂
Adoro grande parte desses filmes que indicou. O Menagem pra vc é tao doce, terno e romântico que eu consigo ver mil vezes e ainda nao me canso!
Beijos pra vc!
Lu
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