Quando trabalhava como fonoaudióloga estimulando a fala e linguagem de crianças, insistia com os pais para que permitissem que elas, desde pequenas, decidissem. Para poupar tempo, artigo de luxo nos nossos dias, fazemos muito isso com nossos filhos: escolhemos suas roupas, deixamos o sanduíche pronto, vamos ao supermercado e escolhemos o que vão consumir, vamos sempre na mesma lanchonete. Decidimos por eles. Com certeza, porque isso economiza discussões, argumentações e…tempo. Ao fazer isso, porém, tiramos da criança a possibilidade de, ao tomar uma decisão, usar todas as funções cognitivas envolvidas nesse processo: análise das alternativas, comparação entre elas, levantamento dos prós e contras de cada uma para finalmente… decidir. Quantas coisas estimuladas em um cérebro para uma simples atitude como a decisão.
Depois dessa palestra super didática sobre os benefícios do processo decisório, confesso de peito aberto e coração na mão que sou uma indecisa formidável. Se vou – se não vou; se ligo – se não ligo; se compro – se não compro; se compro o azul – se compro o verde. Se comprei – não devia ter comprado. Uma canseira. A cor do esmalte, do batom, da tinta para a parede da sala, o azulejo novo do banheiro, o tecido do sofá, o cardápio para o jantar com amigos… Cardápios! Que tortura! Faço enquetes, solicito opiniões, penso, repenso e penso novamente. E, além de demorar para decidir, ainda consigo me arrepender das decisões arrancadas a duras penas. Credo, que chatice. É um tempo que me dói perder. Ficar patinando, rodando no pé sem definir um caminho.
E me pergunto: os decididos, aquelas pessoas que admiro e invejo, existem? Quem toma atitudes assim, de forma rápida e determinada, tem o que que eu não tenho? Ou disfarça melhor seu processo de escolha das alternativas? Ou vive impulsivamente e faz, para pensar só depois, torcendo para ter dado certo?
Você, como é?
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