Por causa de uma coluna muito mais velha que a proprietária, tive que rever meus conceitos de atividades físicas nesse início de ano. Mais pilates, menos requebros da dança. Fica aqui um registro de tristeza, porque aceitar as limitações que a idade vai trazendo é sábio, mas bem chatinho.
E achei esse vídeo, um sonho de consumo. Não seria uma delícia?? Mas, que fique essa certeza: a gente sempre encontra um fundinho de energia.
Vinícius Castro não tem nada a ver com esse blog, mas ao mesmo tempo tem, não sei se me entendem. Me explico: conheci o trabalho dele através da mãe, que também mora em Curitiba e também tem um blog, o Naco Zinha. Nas visitas recíprocas, fiquei sabendo que ela tem um filho que respira, transpira e conspira escritos desde pequeno. Poemas que ganharam melodias e estão fazendo dele um músico eclético e para lá de interessante.
Tantas ideias precisavam de mais um canal de expressão: ele resolveu convidar artesãos e artistas para traduzir suas letras em imagens. O projeto se chama Eu era sempre no plural e une artes visuais e música. Vale a pena conhecer a proposta e quem sabe aderir, enviar maquetes, pinturas, desenhos, ilustrações ou fotos inspiradas nas músicas do disco Jogo de Palavras. Após uma curadoria, os trabalhos selecionados farão parte de uma exposição no final de 2011.
Aqui, um exemplo. A ilustradora Ana Muniz traduziu em desenho a música Segundas Intenções, de Vinícius Castro.
Segundas Intenções
(Vinicius Castro)
Eu te prometo as estrelas
E todas as constelações
Eu te prometo os planetas e os cometas
Mas nas devidas proporções
Eu te prometo o mar
E rios aos borbotões
Eu te prometo cachoeiras ao luar
Mas nas devidas proporções
Eu sei que pode parecer
Bem melhor nas ilusões
Só te ofereço uma rosa do buquê…
Mas com a melhor das intenções!
Eu te prometo continentes
E ilhas para os casarões
Eu te prometo toda terra, simplesmente,
Mas nas devidas proporções
Eu te prometo o ar
O hélio pros teus balões
Eu te prometo aviões pra decolar
Mas nas devidas proporções
Eu sei que pode parecer
Bem melhor nas ilusões
Só te ofereço uma rosa do buquê…
E aqui você pode conhecer uma letra do Vinícius que considero perfeita, pois combina com uma das minhas maiores convicções: o respeito às diferenças. Biquini Cavadão, Gilberto Gil e Lenine também vestiram essa camisa.
Há alguns anos participei da produção de uma campanha que pretendia atendimento voluntário a crianças com Síndrome de Down carentes, encaminhadas pelo Ambulatório da SD – HC/UFPR.
Naquele tempo, já acreditava que se cada um dedicasse uma parte, por pequena que fosse, de sua agenda e de suas habilidades a quem pode se beneficiar delas, o mundo seria um lugar melhor. Ao menos o mundo que seu braço alcança.
Pequenas atitudes. Doações e contribuições financeiras são atitudes, é claro. Mas dá para fazer mais, colocar a mão na massa, desenvolver uma ação. O grande entrave do voluntariado é pensar que será um empenho muito grande, não tenho tempo, não sei como ajudar, melhor nem começar… Como voluntárias de longa data, vamos dar algumas ideias. Quem sabe você percebe que pode ser fácil, até divertido. Além de sempre necessário. E voluntariado faz bem para quem o pratica. Parece clichê. Mas não é. No Brasil dos extremos, não é.
Você pode ver neste post que em fevereiro/11 iniciamos as atividades da Freguesia do Livro. O depoimento a seguir é da Ângela:
Nossa Freguesia do Livro está funcionando às 4as feiras no Projeto Crescer. É longe para ir até lá, as crianças não são tranqüilas e comportadas como imaginamos crianças em uma biblioteca, mas tem sido muito legal! Os livros sofrem maus tratos, às vezes voltam com mingau, bolo ou mordidos pelo cachorro, mas contentes por terem contado uma história. Só assim, mexendo com os livros, as crianças saberão como cuidar deles. Os nossos fregueses já escolhem livros para as mães e irmãos mais velhos que também querem ler. Acreditamos que é um movimento lento, mas contínuo e muito gratificante. Se conseguirmos fazer com que estas crianças descubram a magia e o encantamento que existem nos livros, já estaremos cumprindo um dos nos nossos objetivos.
Vale ou não vale a pena?
Minha mãe Diahir foi a pessoa mais engajada e dedicada a essa causa que conheci. Quando começamos a escrever sobre trabalho voluntário, era inevitável pensar nela. E você, já imaginou algo que possa mostrar, ensinar para outras pessoas aprenderem? Trabalho voluntário é interessante exatamente por isso, você dá uma parte de você para ajudar alguém e amplia os horizontes de todos os envolvidos. (Ângela D.)
Todos temos alguma habilidade, seja profissional, social, artística, doméstica. Você arruma um armário que é uma beleza, faz pão com maestria, costura feito os passarinhos da Cinderela, é um dentista que pode dedicar uma tarde para bocas menos favorecidas? Na verdade, voluntariado não exige prática nem habilidade. Você precisa só de uma dose de desprendimento e compromisso. E dedicação. Comece e contamine.
D. Henriqueta Duarte é uma grande pianista paranaense. Sempre atenta às intervenções possíveis através da música em sua comunidade, em 2010 começou um projeto junto ao CENEPE (Centro de Neuropediatria do Hospital de Clínicas – UFPR) para ensinar a tocar piano a crianças, algumas com paralisia cerebral. Ela e suas amigas pianistas (também voluntárias) conseguiram a doação dos instrumentos musicais e um espaço que prepararam acusticamente para as aulas. A mensagem é: D. Henriqueta entende muito de música e resolveu compartilhar seu conhecimento com crianças que, de outro modo, não teriam essa oportunidade. É ou não é uma boa ideia?
Quem me conhece sabe: acho que existem momentos na vida que precisam de trilha sonora. Uma musiquinha de fundo para complementar os pedaços de nossas vidas (às vezes curtos, às vezes longos) que parecem cenas de cinema.
Música é pessoal. Para alguns, ouvir o motor do carro do filho entrando na garagem de madrugada, é música. Ou o som de risadas de amigos em torno da mesa onde você serviu um jantar, é música. O barulho da chuva quando você está quentinho na sua cama na noite escura, é canção de ninar. É música o som de um bom vinho caindo em um cálice numa noite fria e é música o silêncio, depois de um caos sonoro.
Filhos aprendem a gostar das músicas que os pais apreciam, em sutis lavagens cerebrais nas horas longuíssimas que passamos com eles nos carros, até que os 18 anos cheguem e eles batam asas (ou melhor, rodas) sozinhos por aí. Meus filhos conviveram com e hoje apreciam Queen, Police, Sting, Eric Clapton. Mas o distanciamento dos gostos é inevitável e um dia você percebe que não entende “como eles podem gostar desse barulho”. Barulho para nós, música para eles.
Há algum tempo, me enamorei perdidamente por meu I-pod e a possibilidade de fazer seleções musicais com minhas preferidas de uma vida inteira. Ele é usado em momentos especiais como caminhadas na beira do mar ou lagarteando ao sol. Mas um I-pod também pode ser segregador. Jovens que passam 90% do seu tempo com fones no ouvido e com quem falamos na base de cutucadas ou mímicas, sabotam conversas. Dá até uma preguiça de começar um diálogo… Serão muito musicais, mas poucos sociáveis.
E apresento trechos de filmes que nada seriam sem uma música de fundo. Foram as cenas que me ocorreram, mas aposto que você tem as suas preferidas. E eu gostaria muito de saber quais são.
Esta é ótima, pois mostra o momento exato em que o rapaz descobre que está apaixonado. A vida devia ser assim.
Vivi meus poucos dias em Roma em um clima de sonho, andando pela cidade sozinha ou acompanhada por meu filho. Concertos, museus, lojas, pizzas, é tudo festa. Mas na vida do dia-a-dia dá para começar a perceber que morar no centro de Roma tem seus percalços.
Debruçado sobre Piazza di Spagna com vista para o Vaticano. Glamour?
Sempre olhei para os terraços dos apartamentos que se debruçam sobre os locais bacanas como a Piazza Navona ou Via dei Condotti imaginando como seria charmoso morar ali. Agora estou vendo que quem mora nesses lugares está sempre rodeado por turistas – sempre. Grupos do Japão, da Alemanha, de Nápoles, de crianças com suas professoras aprendendo a história in loco. Barulho e poluição por toda parte. Não tem separação de lixo (essa quase me matou!) e os restaurantes têm cardápios escritos em inglês.
Estacionar o carro (para as pessoas que podem circular com carro no centro, e mesmo assim apenas em certos dias) é tema de constante desespero, pois não há lugar pelas ruas e prédios com garagem simplesmente não existem. Pense no que significa você chegar em casa do trabalho às 8 horas da noite, com vontade de algo prosaico como tirar os sapatos ou ir ao banheiro e ficar rodando, rodando, à procura de uma vaga para seu carro…
E tem os romanos, minha gente, os romanos… que já sempre foram, por assim dizer, meio rústicos no trato com as pessoas. Agora, que estrangeiros estão por todo lado, não mais apenas como turistas, mas principalmente como habitantes, eles costumam ser ainda menos doces. Mas não generalizemos. A grande maioria do povo do centro de Roma sabe que essa cidade nasceu para ser apreciada, compartilhada e fica orgulhosa em nos receber.
E é em Roma que moram belezas como essas:
Coliseu no meio do teu caminho de todos os dias.
Gaivotas se banhando em monumentos.
Cantinas que exaltam o sapore d’Italia.
Pizza al taglio. Para comer andando.
Capuccino e cornetto. Assim, só lá.
Sorvete. Imbatível.
Torta Mimosa e de Profiteroles. Valem a viagem.
Colomba Pascal. Uma tradição levada a sério.
E a pergunta que não quer calar: porque não temos Ikea no Brasil?
Queremos Ikea.
E aqui se encerra mais um passeio italiano. Deixo o clip de uma música linda, do Jovanotti. Enjoy!
Clique aqui para ver dicas de um romano em Roma. Roma vista da un italiano è diversa.
Jô Bibas, fonoaudióloga e artesã. Aqui mostro minhas artes e ideias e de amigas de longa data. Cada uma com seu talento, seu jeito, suas cores.
Curitiba/PR.