Toda impressão pode ser verdadeira. Ou falsa. Ou mudar o tempo todo. Porque você, que julga, também está mudando sempre.
Já te aconteceu de conhecer uma cidade, famosa por sua beleza, mas você chega em um dia de chuva e sai dela com a impressão de que “nem era tão bonita assim”? Você não conseguiu visitar os lugares que queria, se ensopou toda vez que tirou o nariz para fora do hotel, tudo tão cinza e molhado… Quer o destino que você tenha que voltar um dia para lá e calha de ser bem num dia de sol e céu-espetáculo. Que cidade! Que lugares lindos! Que gente simpática!
Vamos imaginar outra situação: o sujeito acorda de ovo virado, implicando até com o jeito que a esposa cortou o mamão. Natural que para ele a comida do restaurante recomendadíssimo onde almoça tenha uma longa lista de defeitos. Já para o casal da mesa ao lado, apaixonado e feliz, o mesmo prato entra para os preferidos da vida.
Penso muito nisso quando conheço pessoas que não me causam uma boa impressão inicial. Tanto elas podem ser mesmo chatas – mal educadas – pernósticas como aparentam, como podem estar vivendo o seu dia de chuva. Ou estar com pressa, com dor, tristes porque perderam um anel ou bateram o carro. Julgamentos precipitados descartam possibilidades, cada um de nós tem seus momentos nebulosos e seus clarões primaveris, e sorte – ou azar – de quem cruzar conosco nessas fases.
Moral da história: julgar sem levar em conta as 700 variáveis que incidem em uma impressão é sempre precipitado. Toda flor tem seu dia de espinho, todo jardim tem seu dia de poda, todo céu azul tem seu lado trovão, todo humor tem seu dia de queda. Todo feliz tem seu dia de triste, todo certo quer ser um pouco errado, todo amor tem seu ódio guardado.
Vivo falando isso, mas arrisco em deixar a impressão de ser uma chata de galocha e repetir: a gente precisa se colocar no lugar do outro. Cada um de nós é um prisma, que vai brilhar ou não, dependendo da luz que sobre ele incide. Somos tantos em um só, diferentes a cada momento que passa. Lembrar que essa transformação constante também acontece com os outros é fundamental.
E veja aqui essas imagens que mostram de maneira magistral o quanto um mesmo foco pode mudar. Depende de tantas coisas… Fotos de Manuel Cosentino.
Imagem inicial daqui. Todas as outras do Pinterest.
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