O quanto eu gosto que me enrosco em objetos com história já deve ter ficado bem evidente por aqui. Aprecio as coisas que já fizeram parte da vida de alguém. Nesse gosto se misturam meu empenho pelo consumo consciente (aquelas coisas continuam sendo úteis, seu uso evitou a compra de um novo), pela preservação de nossas memórias (olhar para um objeto e lembrar de alguém é um jeito de continuar presente) e pelo belo (coisas que duram nas trajetórias de tantas vidas são belas, de algum jeito).
Em nome disso, depois que conheci os pratos rendados da Rosana, fiquei de olho em umas toalhinhas de renda que encontrei na casa em Leros, que, segundo minha sogra, foram bordadas por sua mãe e tias, lá nos idos dos anos 1930. Um tesouro que quis eternizar em um prato.
Não é lindo? Rosana, que a essa altura já virou uma expert em toalhas bordadas, me explicou que essa renda se chama Renascença, feita com base em fitas que criam um desenho e são unidas por bordados bem elaborados. Se quiser saber mais, veja esse artigo da Casa Abril.
Os pratos ficaram lindos e foi difícil escolher apenas um. Em breve, volto para buscar outro!
Sou meio repetitiva, eu sei. Meus assuntos favoritos são sacolas plásticas, produção assustadora de lixo, o respeito à diversidade e às habilidades de cada um, a inclusão de pessoas com deficiência, o compartilhamento de leituras, a capacidade de escolha de sermos quem e como somos.
Essas teclas tão batidas me caracterizam, são as memórias que vou deixar para quem me conhecer. As marcas palpáveis estão aí, carimbos que já deixei: meus lindos filhos, a educação e oportunidades que receberam, dois livros e tantas caixas e bancos pintados, espalhados por aí e que vão durar muito mais do que eu.
Minhas melhores marcas.
Caixas. Muitas caixas.
Me perdoem se estou parecendo fatalista, mas tudo isso é uma volta enorme para retomar a tecla preferida: podemos escolher como queremos ser lembrados. Vou te deixar aí pensando nas memórias que está deixando e vendo suas alternativas. Não é teste, não tem pontos no final. É apenas você, exercendo seu direito de escolha e de decidir qual a marca que vai deixar:
( ) Otimista ( ) Pessimista ( ) Bem-humorado ( ) Mal-humorado ( ) Ativo ( ) Passivo ( ) Egoísta ( ) Altruísta ( ) Acolhedor ( ) Crítico ( ) Beijo e abraço ( ) Aperto de mão ( ) Sorriso fácil ( ) Olhar desconfiado ( ) Me dá um limão que eu faço uma limonada ( ) Tudo de ruim acontece comigo ( ) Da vida nada se leva ( ) Quero mais e mais ( ) O que faço serve de exemplo ( ) Vou ficar na vaga de deficientes só um minutinho…
Uma marca que tenho certeza que vou deixar é minha Nêga Maluca, receita da minha Tia Dóris, e que fez parte da história de meus filhos e todos os seus amigos que partilharam lanches conosco. Aqui está ela:
1 xícara de chocolate em pó (eu misturo Nescau e Chocolate do Padre)
1 colher de chá de fermento em pó
1 pitada de sal
3 ovos
1 xícara de água morna
1 xícara de óleo de canola
Peneirar os secos.
Pré-aquecer o forno. Em uma tigela, bater os ovos por uns 5 minutos com batedeira, adicionar a água e logo em seguida o óleo de canola. Ir colocando os secos (peneirados) aos poucos e continua batendo com a batedeira. Colocar em assadeira retangular média, untada com óleo. Assar em forno médio por 20 minutos e em forno baixo por mais 10 minutos. Depois de esfriar cobrir com a calda de chocolate.
Calda de Chocolate
1 copo de leite
4 colheres de sopa de açúcar
5 colheres de sopa de chocolate em pó (Nescau e do Padre)
1 1/2 colher de sopa de margarina
1 pitada de sal
Coloca tudo em uma panela e cozinha por uns 10 minutos em fogo médio, até que engrosse um pouco.
Jô Bibas, fonoaudióloga e artesã. Aqui mostro minhas artes e ideias e de amigas de longa data. Cada uma com seu talento, seu jeito, suas cores.
Curitiba/PR.