
Juro. Não vi nenhuma vez. Aliás, nem arroz vi, muito menos com pedacinhos de cenoura, pimentão e passas. Em compensação, existem comidas aqui que são acontecimentos inesquecíveis.
A lula é macia. Incrível. Peixe que a gente escolhe na cozinha do restaurante. Tem polvo de tudo que é jeito e camarão de jeito nenhum (estranho, não?).

Aqui é o pais da feta, queijo de leite de ovelha, bem salgado e com a consistência de uma ricota firme para ser cortada em fatias. Ele é parte integrante e fundamental da famosa salada grega, feita com tomates, pepino, pimentão, cebola roxa, azeitonas pretas, alcaparras e orégano. Tudo generosamente regado com azeite de oliva. No final, a melhor parte: limpar o óleo que fica no fundo do prato com bons pedaços de pão.

Ingredientes como limão, azeite de oliva, orégano e alcaparras (aqui usadas com suas folhas) são usados sem parcimônia.

Nosso campeão de audiência é o souvláki, algo bem leve que se compõe de carne de porco ou frango, dentro de um pão pita convivendo com zaztíki, cebola crua e tomate. Louco de bom. O zaztíki é feito com pepino ralado, alho e muito iogurte. Acompanha praticamente tudo. No Café del Mar, o bar preferido, também comemos essa salada de frutas com iogurte e mel. Divina.

Nossa rotina alimentar nesses dias de férias segue a tradição grega, regida pelos efeitos do sol – vá para a praia o quanto antes e só me volte de lá no fim do dia, quando o calor tiver baixado. Em casa, no pátio onde o sol ainda não atinge, café da manhã composto de iogurte (o melhor do mundo, denso, acidez na medida), frutas (pêssegos e os figos que começam a amadurecer) e mel (fabuloso). E um pão pelo qual me apaixonei perdidamente, integral com passas e coberto de linhaça, aveia e o que penso ser semente de girassol. Família grande, ritmos diversos, café da manhã longo… Em seguida, atividades domésticas variadas como orçamento do jardineiro, marceneiro, supermercado e arrumações.

Café da manhã.

Chega a hora de ir para a praia. Almoço te-vira-meu-nego: ou sanduíches que fazemos em casa ou salada grega e suco de laranja ao som de lounge music no bar que fica no alto do morro em Vromolithos, a praia eleita pela família. Sombra. Livro. I-Pod. Soninho. Sudoku. Banho de mar. Casa (caminhando, sobe e desce ladeira, ainda calor, nem tudo são flores).

Sanduíches para todos.

Sombra.

Livro.

Soninho.
No jantar, ou comida feita em casa com influências gregas, italianas e brasileiras ou um restaurantinho. O cunhado Fabrízio, que escreve e faz marcenaria, é também excelente pizzaiolo e fez a gente se sentir na Itália com uma pizza deliciosa, ingredientes perfeitos, inclusive meus queridos figos. Saladinha de bresaola e rúcula para acompanhar. Você pode ver a produção dessa pizza em detalhes no blog da Marina.



Outro dia, jantamos na casa vizinha, do Zio Nichola. Misturas étnicas representadas por Strudel de Ameixa Vermelha, fatias de laranja com canela e passas, doces gregos e… caipirinha! Achei todos os ingredientes e trouxe um pouco de Brasil para essas terras.

Delícia são os pimentões recheados. Não há como reproduzí-los no Brasil: não existem esses pimentões verde-clarinhos, o bacon não é nem parecido e a feta… Nem procurando com vela acesa.

E não podia deixar de mostrar o famoso Moussaká, beringelas, carne moída e molho branco. Forno neles e Grécia em estado puro. E as beringelas secando ao sol antes de ir para a panela…


Aí vêm os doces. Não são muito a minha praia, mas quem aprecia confeitarias aqui ficaria muito feliz. São muitas, para uma ilha tão pequena, e a gente anda e vai sentindo o cheiro dos doces muito doces no ar. Galatobúrico, gourabiédes, bugazza, baklavá… Mas as que gosto mesmo são a Milópita, torta de maçã e a Patsavourópita, que significa Torta de Pano de Chão. Acho. Espero correções do Theo, meu professor de grego.

Milópita.

Ontem era minha vez de cozinhar e inventei uma coisa que ficou bem gostosa.

Polpette com molho de tomate e batatas assadas.
Para as polpette (almôndegas):
1 kg carne moída
1 cebola grande cortada em quadradinhos
1 pão francês adormecido amolecido em leite
1 ovo + sal e pimenta preta
Coloque a carne moída em uma tigela. Refogue a cebola em pouco óleo até ficar transparente. Esprema o pão para retirar o excesso de leite e junte à carne. Adicione também a cebola refogada. À parte, coloque o ovo em um recipiente, coloque sal e pimenta preta suficientes para temperar a carne. Misture e adicione à carne. Amasse bem forme bolinhos de carne do tamanho que desejar. Eu fiz do tamanho de um punho fechado pequeno. Disponha as polpette em uma forma grande.
Descasque e corte em rodelas finas 6 batatas grandes. Tempera-as com limão, sal e azeite de oliva (e orégano, se dele gostar). Coloque as batatas na forma cobrindo os espaços em torno das almôndegas. Faça um molho de toamte com tomates sem pele cortados em pedaços grandes e refogados com cebola e alho. Se quiser, pode aumentar com algum purê de tomate, tudo temperado com sal e uma boa pitada de açúcar. Jogue o molho de tomate por cima de tudo e forno. Com as deliciosas batatas daqui e em um forno elétrico, levou 50 minutos para ficar pronto.
Bela Grécia.
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