Um dia falei sobre tudo aquilo que nunca fiz. Coisas que foram desejadas e não cumpridas, que aguardam quietas a promessa de vir a ser. Desejos que não dão em nada.
Mas tem também uma porção de paixões vividas. Coisas pelas quais nos encantamos e vamos atrás. Aprendemos, fazemos e… passam. Pensei nisso olhando para a estante de livros de minha filha, ainda tão jovem e já com tantas tendências e aprendizagens. Formou-se em publicidade, cursou cinema e agora faz doces. Livros e mais livros comprovam essas buscas e fases.
Somos todos um pouco Picasso, com fases azuis, fases rosas e momentos cubistas. Que, pela casa, deixam marcas.
Tive minha fase de fonoaudióloga que se manifesta em pastas e mais pastas de desenhos, livros sobre linguagem que se agarram à prateleira e resistem aos meus impulsos doadores. Vivi meu período de bailarina, do qual uma fantasia pende mole no armário. A esse período voltei, ainda bem. No que tange a artes e pintura, então, topo com todo tipo de material que delata minhas nem sempre vitoriosas tentativas – tintas de porcelana, aquarelas, lápis de cor, carimbos, pintura em madeira. Sosseguei? Quem dera, ando espichando o olho para um curso de pintura a óleo…
Essa busca é saudável, ninguém sabe o que realmente o satisfaz, no que realmente é bom, o que dá dinheiro como esperava, o que proporciona prazer em fazer. Há que se tentar e há que se deixar aquilo que não corresponde às expectativas, sempre é tempo de encontrar coisas novas que despertem a alegria de levantar da cama todos os dias. E deixar pela casa essas provas de suas fases, de suas tentativas de acerto, mesmo que tenham parecido erros. Não foram, foram partes de sua busca de ser ou fazer o que te faz feliz.
Telas de Picasso: Mulheres Correndo na Praia (1922)/ Dois Saltimbancos (1901)/ Menina Lendo um Livro na Praia (1937)
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