Terminar um livro é acabar um caso de amor. Um bom livro te envolve, reclama a tua presença, passeia o dia todo em teu pensamento, te faz rir e chorar, te leva mais cedo para a cama para continuar a leitura. Como eu disse, um caso de amor. Que, por mais que você enrole, economize, demore, um dia termina. Aí, você fecha aquele volume, estreita-o nos braços contra o peito, deixa respeitosamente passar um tempo e… começa outro.
Ainda envolvido na história do anterior, relação que deixou marcas, refuga, estranha a métrica, tateia desconfiado pelas primeiras páginas. Meio traidor, demora a se soltar. Se o encantamento se repete, lá vai você, mais uma vez fisgado, de novo apaixonado. Ou não. A coisa patina, não sai do lugar, os parágrafos, pegajosos, se arrastam. Hoje, depois de tantos, me sinto confortável em aconselhar: não insista em uma relação sem futuro. Rompa com esse e parta para outro. Tem tanta coisa boa para ser lida por aí!
Livros, como os conhecemos, podem ter seus dia contados. Mas seus autores, histórias e leitores vão continuar tecendo aventuras, amores, finais e recomeços para todo o sempre.
E, nos tempos de desapego desde a criação da Freguesia do Livro, livros lidos vão passear e chegar a novos leitores. Amores espalhados. Perfeito.
Ilustrações de Sempé.
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