Um filme imperdível. Fala de superação, da relação de pessoas totalmente diferentes, da raça à cultura, do nível social às expectativas. Mas fala principalmente do preconceito. Ou da falta dele, o que é muito melhor.
Ser deficiente é algo tão específico, que recusa generalizações. Quem é deficiente, em geral, é deficiente em uma habilidade, mas tão ou mais eficiente em tantas outras. E todas essas outras habilidades querem ser tratadas com normalidade, não sei se me entende. O personagem principal do filme é tetraplégico, mas não quer ser subestimado, não quer ser tratado como coitado, não quer se esconder da vida e tudo isso acontece pela convivência com uma pessoa sem ideias preconcebidas que se relaciona com seu patrão-amigo como se ele pudesse fazer tudo. E isso é o que toda pessoa com necessidades especiais quer: que se lembre do que ela pode, e não apenas do que ela não consegue.
Deficiência acontece. Pense nisso. Hoje estou super bem, penso direitinho, me expresso com clareza, vou e volto por minha conta, levo um garfo à boca sem deixar cair um grão de arroz, enxergo do longe à letra miúda, escuto o passarinho, o trovão e o sussurro, discrimino sabores, odores e texturas. Tudo em mim funciona, mas até quando? Idade, acidente, doença, peças pifadas podem diminuir meu grau de eficiência de uma hora para outra.
Portanto, lute contra os preconceitos. Eles nem sempre são mal-intencionados, na maioria são apenas burros. Generalizações não funcionam bem nunca. E presumir que pessoas não podem, não sabem ou não conseguem por que são isso ou aquilo, é uma bobagem sem fim.
Curitiba é conhecida pela quantidade e qualidade de seus parques. E são muitos, mesmo, e um é especial, o Bosque do Alemão. Além de estar imerso em uma floresta com grandes escadarias e estruturas de madeira, ele tem um caminho dentro do bosque onde andando, de tempos em tempos, você encontra painéis de azulejos que contam a história de Hänzel und Gretel (João e Maria). Bem no coração dessa pequena floresta está a Casa da Bruxa, que no nosso caso é uma simpática velhinha que, ao invés de comer criancinhas, prefere contar histórias para elas. A casa abriga uma biblioteca onde meninos e meninas podem deixar a imaginação voar, ao pé de uma lareira acesa, quando o frio por aqui aperta.
Estruturas de madeira e vista de Curitiba.
João e Maria nos azulejos. Dá vontade de deixar pedrinhas marcando o caminho.
Casa de Bruxa. Boa, porque conta história!
Tem bolacha da D. Erika no Bosque!
Falando em crianças e livros, me lembrei de mim, criança, e da minha relação com livros. Dá pra fazer uma lista das coisas que esse simples pensamento me traz:
1. as coleções da Condessa de Sègur e da Laura Ingalls que embalaram minhas fantasias de menina. Colonização americana e governantas faziam parte do meu imaginário.
2. minhas caminhadas pelos corredores do Sion, feliz feito um cabrito, mas controlada nos passos como a educação rígida exigia (não me matou. Será que não é disso que nossos filhos sentem falta?). Lá ia eu pegar mais um livro para encher a minha ficha de biblioteca.
3. na casa de meus avós, em Blumenau, nas frias férias de julho, a alegria que sentia ao encontrar as coleções de Condensados da Seleções de meu tio Werner, livros em português! Meu avô era um leitor que levava a coisa a sério, mas só lia (e falava) em alemão.
E falando em crianças e livros, também me veio o filme You’ve Got Mail, que tem essa biblioteca:
E essa cena:
Essa conversa sobre livros e crianças tem um objetivo, você já deve ter percebido, certo? O Dia das Crianças está chegando e esse é um excelente momento para você analisar livros infantis que tiver em casa. Ou arrecadar com pessoas que conheça. E gibis, sempre! E não precisa ser só livro infantil, pois hoje temos diversos destinos para os livros que você pode “soltar” de suas estantes. Chega de prender livros. Eles estão loucos para seguir viagem.
Se for de Curitiba, encaminhe-os para nós, para a Freguesia do Livro. Se for de algum outro lugar, procure iniciativas como a nossa, existe muita gente incentivando a leitura por aí. Para saber mais sobre esse trabalho: www.freguesiadolivro.com.br
Três coisinhas para encerrar esse post compridíssimo:
1. quando fui tirar as fotos no Bosque do Alemão, vi um taxi parado na frente do parque e seu motorista catando amoras! Aproveitei também!
2. Onde gosto de ler: A a combinação cama-abajour-livro para mim é imbatível, e com um friozinho lá fora, então, sensacional. Ok, a cama pode ser substituída por sofá, rede, toalha na areia, cadeira macia, colo. Ponto de ônibus, saguão de aeroporto, assento de avião, sala de espera de dentista, quem se importa. Relação sem endereço, ela acontece em qualquer lugar.
E você, onde gosta de ler? Conte-me, por favor.
3. Agora chega! Mais uma cena de um filme que gosto e que tem toda a história relacionada a um livro que precisa ser encontrado para que tudo dê muito certo. E o livro é o Nos Tempos do Amor e do Cólera, de Gabriel García Marquez. Sensacional.
Quem me conhece sabe: acho que existem momentos na vida que precisam de trilha sonora. Uma musiquinha de fundo para complementar os pedaços de nossas vidas (às vezes curtos, às vezes longos) que parecem cenas de cinema.
Música é pessoal. Para alguns, ouvir o motor do carro do filho entrando na garagem de madrugada, é música. Ou o som de risadas de amigos em torno da mesa onde você serviu um jantar, é música. O barulho da chuva quando você está quentinho na sua cama na noite escura, é canção de ninar. É música o som de um bom vinho caindo em um cálice numa noite fria e é música o silêncio, depois de um caos sonoro.
Filhos aprendem a gostar das músicas que os pais apreciam, em sutis lavagens cerebrais nas horas longuíssimas que passamos com eles nos carros, até que os 18 anos cheguem e eles batam asas (ou melhor, rodas) sozinhos por aí. Meus filhos conviveram com e hoje apreciam Queen, Police, Sting, Eric Clapton. Mas o distanciamento dos gostos é inevitável e um dia você percebe que não entende “como eles podem gostar desse barulho”. Barulho para nós, música para eles.
Há algum tempo, me enamorei perdidamente por meu I-pod e a possibilidade de fazer seleções musicais com minhas preferidas de uma vida inteira. Ele é usado em momentos especiais como caminhadas na beira do mar ou lagarteando ao sol. Mas um I-pod também pode ser segregador. Jovens que passam 90% do seu tempo com fones no ouvido e com quem falamos na base de cutucadas ou mímicas, sabotam conversas. Dá até uma preguiça de começar um diálogo… Serão muito musicais, mas poucos sociáveis.
E apresento trechos de filmes que nada seriam sem uma música de fundo. Foram as cenas que me ocorreram, mas aposto que você tem as suas preferidas. E eu gostaria muito de saber quais são.
Esta é ótima, pois mostra o momento exato em que o rapaz descobre que está apaixonado. A vida devia ser assim.
Nosso atelier virou uma central de dicas. Desde o início, os bolos que minha mãe servia nos lanches do intervalo (sim, nós ganhamos lanche, temos recreio. Sim, a vida é bela), desencadeavam uma troca de receitas e testes em cada lar. Logo, as alunas também começaram a trazer contribuições para a hora das comidinhas e dá-lhe mais receitas novas. Aos poucos, com a convivência, fomos aprendendo os gostos umas das outras e ampliamos nosso leque de indicações: restaurantes visitados e apreciados, filmes imperdíveis, locais que precisam-ser-vistos em viagens (temos três colegas que adoram passear pelo mundo), a melhor tosa para o cachorro, o pincel perfeito, os livros que não podem deixar de ser lidos, a revista cheia de ideias para pinturas, as ceramistas que fazem números personalizados para nossas casas e a jarrinha combinando com a louça do café, a experiência com o rakú, o melhor cirurgião plástico/ dermatologista/ fisioterapeuta/ nutricionista…
Hoje também resolvi recomendar aqui.
Enquanto ainda reina no Brasil, oficialmente até o Carnaval, um leve clima de férias, indico o uso constante do Rummikub. É um jogo que une todos em torno de peças coloridas, independente da idade. Desenvolve o raciocínio e fica lindo guardado nas nossas caixas!
Rummikub guardado com estilo.
A primeira caixa da Mari. Acolhe o Rummikub da casa.
Para quem gosta de doces e também de cinema, recomendo o blog da minha filha Marina. Ela está comentando os 10 filmes indicados ao Oscar 2011 e relacionando-os a receitas de doces. Só delícias! E tem um canal no Youtube: Confissões de uma Doceira Amadora
Papo de anjo
Já que o assunto é doce, que tal umas trufas na frente da TV vendo alguma série de sua preferência? Aqui em casa estamos vivendo a fase House e Dexter, que recomendo com estrelinhas. E essas trufas são da Siomara.
Livros, muitos livros. O gosto para leitura é muito pessoal, mas arrisco indicar os livros do Stieg Larson. Lazer garantido. Minha agenda de livros lidos está em plena atividade! Outra recomendação: livros também podem ser doados. Comece pelos de seus filhos. Analise com eles o que pode sair das estantes da sua casa para beneficiar crianças que têm pouco acesso à literatura e filmes. Se fizer este movimento, nos avise. Temos um bom destino para essas preciosidades: Freguesia do Livro.
Caderninho: quantos livros você lê?
Indico assistir a esse vídeo. Fala bem do Brasil, para variar. E valoriza uma população que é fundamental para nós, que “colhemos” nossa comida em supermercados.
Recomendo ser gentil para merecer gentilezas, abraçar como se fosse a última vez, valorizar os momentos em que nada dói, dizer às pessoas o que pensa de positivo sobre elas, usar menos plástico, reparar menos e aproveitar mais. E, através das palavras da Martha Medeiros:
Dentro da igreja, ajoelhe-se. No estádio de futebol, grite pelo seu time. Numa festa, comemore. Durante um beijo, apaixone-se. De frente para o mar, dispa-se. Reencontrou um amigo, escute-o. Ou faça de outro jeito, se preferir: dentro da igreja, escute-O. Durante um beijo, dispa-se. No estádio de futebol, apaixone-se. De frente para o mar, ajoelhe-se. Numa festa, grite pelo seu time. Reencontrou um amigo, comemore. Esteja, entregue-se.
Muitas recomendações, eu sei. Mas estou aberta para receber as suas!
Cinema compete de perto com meu gosto pela leitura. Quem não gosta de ver um bom filme? O fato de o filme ser bom só completa meu programa favorito: cinema e jantarzinho em seguida. Ver filmes em casa também é uma delícia, além de proteger, a nós mulheres, da infernal tendência masculina de monopolizar o controle remoto e assistir aos programas mais insuportáveis que estiverem passando.
E quem não tem suas cenas imperdíveis? Que mesmo que o filme esteja passando pela milionésima vez na TV, você fica para ver “aquele pedacinho”? Pois um dos meus é esse:
Há pouco assisti o filme Tomates Verdes Fritos, que me lembraram dos Tomates Vermelhos Recheados que fiz há alguns dias. Instalados em um prato da Magda, trouxeram um ar greco-romano à casa.
Tomates Recheados
Ingredientes:
Tomates tipo longa-vida, grandes, que dê para rechear.
Cebola.
Carne moída.
Arroz cozido.
Sal e pimenta. Açúcar.
Fazendo:Tomates: lave bem os tomates, corte a parte de cima formando uma tampa, esvazie seu interior, guardando tudo o que retirar em uma tigela. Coloque uma pitada de sal dentro de cada tomate e vire-o de cabeça para baixo para que solte a água. Bata o que retirou dos tomates em um liquidificador, ou com um mixer, ou um passino. Não é necessário peneirar. Se rendeu pouco suco, adicione um molho e tomate pronto. Reserve.
Recheio: pique a cebola e refogue em pouco óleo. Quando a cebola estiver dourada, adicione a carne e refogue até que ela pare de soltar líquido. Quando estiver começando a secar, vá adicionando aos poucos o suco de tomate resultante da polpa retirada de seus interiores. Tempere e adicione o arroz cozido. Misture tudo e reserve. Quando o recheio tiver esfriado um pouco, desvire os tomates, ponha um pouco de óleo, uma pitada de açúcar e salgue levemente cada um deles. Recheie com a carne, coloque um pedacinho de manteiga sobre cada tomate e salpique com farinha de rosca. Cubra cada tomate com sua tampa. Coloque-os em uma assadeira, ponha um pouco de água no fundo (se tiver sobrado molho de tomate, melhor ainda) e asse em forno médio por uns 40 minutos, ou até que o tomate estiver dourado. Se quiser, asse batatas pré-cozidas junto. Fica uma delícia!
Jô Bibas, fonoaudióloga e artesã. Aqui mostro minhas artes e ideias e de amigas de longa data. Cada uma com seu talento, seu jeito, suas cores.
Curitiba/PR.