
Vir para a Grécia produz alguns efeitos colaterais, não todos positivos, mas sem dúvida poderosos, marcas de um tempo passado nesse lugar formidável.

1. O olhar para o mar. Vamos explicar assim: imagine uma piscina gigante e bem cuidada – aquela água transparente e azul… O mar aqui é assim, transparente, de um azul estupendo que passeia entre o profundo e o esverdeado, simplesmente fresco, limpo e com um aroma de mar. Só de mar, dá para entender? Aliás, até os peixes que compramos e limpamos (eu falei que tinha efeitos negativos – pela primeira vez tive que estripar algo que ia comer) têm um ar saudável. Será a famosa dieta mediterrânea?

2. Secura máxima. O ar aqui é seco. Mega seco, como diria minha filha Marina. E tem um vento que às vezes é tão forte que dá vontade de andar segurando uma âncora. Resultado bem-vindo: a gente nunca se sente pegajosa. Efeito negativo: cabelo palha e pele craquelada. Da sola do pé nem vou falar…

3. A dieta mediterrânea pode ser mundialmente famosa por ser saudável e indicada em dietas, mas vamos ser honestos: o povo aqui fica em forma não só por causa do que come. Caminhando feito camelos, sob um sol escaldante, ladeiras sem fim (nada de calçadões, minha gente) e movido a salada grega, não há quilos que resistam (assim espero. Oremos).

4. Que bom, desacostumamos. Para nós brasileiros ficou difícil conviver com gente fumando em qualquer lugar. E aqui eles fumam em qualquer lugar.

5. Os mosquitos aqui são fortes, saudáveis e inflamáveis. Não consegui ver nenhum até agora, mas tenho provas por todo o corpo de que eles me viram, e como.

Minha linda sobrinha Benedetta.
6. Crianças européias. Elas passam o dia inteiro na praia, não se torram, não reclamam se não tem onda, comem comidinhas saudáveis e nutritivas trazidas de casa em potes, ficam na sombra quando orientadas e caminham 20 minutos para ir e 20 minutos para voltar da praia. Tranquilos. Tenho dito.

7. Como na Itália, é triste descobrir que, mesmo tendo teoricamente todos os ingredientes básicos no Brasil, para fazer uma salada grega (tomates, pepinos, pimentões, cebola, azeitona preta, queijo feta), simplesmente não fica igual. Culpo os tomates. Aqui são divinos e no Brasil tendem ao gosto de nada… Fazer um Moussaká com nossas beringelas também é meio frustrante. Conhecer os originais tem suas desvantagens.

8. Reciclagem de lixo: na ilha, o único lixo reciclável separado são as garrafas de água. Ponto. O resto, tudo misturado, me deu o maior nervoso. E em uma ilha pequena, o que faz pensar para onde vai tudo isso. E faz valorizar ainda mais a separação que fazemos no Brasil, em especial em Curitiba. Mas ponto para eles porque usam muita energia solar e eólica.

8. The Weather Channel. Inútil aqui. Não há a menor dúvida sobre como será o dia seguinte: sol, nenhuma nuvem no céu, chuva nem em sonhos. E calor. A única coisa que vai variar é o vento: pouco, muito ou nenhum. Essa certeza de bom tempo é um bálsamo para quem passa férias de verão em Santa Catarina ou no Paraná e vê seus dias na praia se escoando pelo ralo com chuvas sem fim.

9. Família: registros na parede de uma bela coleção de filhos, noras, genro e netos, netos, netos. A avó grega teve uma bela surpresa!

10. Nunca mais serás inteiro. Chegadas e partidas. Famílias espalhadas. Saudades do que não está perto. Essa temporada foi particularmente complexa pela grande vontade de estar perto de uma das pessoas mais importantes da minha vida. Mas sabia que a família estava unida cuidando de quem precisava. Estou feliz em voltar para casa. Com pena de ir embora. Complicado? Nunca mais serás inteiro.

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