Palmas para nós, que estamos aqui, lendo este post. Vivos nesse palco, fazendo de tudo para retardar o cerrar das cortinas. Consultas médicas, exames, tratamentos, ginásticas, drenagem, 8 copos de água, alface, carne sim, carne não, 8 horas utópicas de sono…
Tendemos a pensar no envelhecer associado a perdas: pele menos viçosa, falta de memória, visão e audição diminuídas, capacidades gerais descendo a ladeira. Mas o processo do envelhecimento é sábio. Como os 9 meses que nos preparam para a chegada de um filho, o passar dos anos vai nos alquebrando, organizando nossos corpos e mentes para as perdas e ganhos. Ganhos? Sim, como não? Mais experiência, maior segurança. O corpo não é mais o mesmo, engorda, dói aqui, dói ali, mas se delicia dançando ao som de músicas que despertam boas lembranças. Mais franqueza e também mais sabedoria para saber a hora certa de ser franco. A possibilidade de assumir as coisas de que não gosta. Eu, por exemplo, não gosto de documentários, poesia, ópera, carnaval, auto-ajuda. Tentei gostar. Até fiz de conta que gostava. Mas não gosto. Fazer o que?
Nosso entorno também nos prepara para esse outono: os amigos que tendem a ter idades próximas às nossas nos contam suas mazelas: um que voltou com a bicicleta no porta-malas de um táxi porque a coluna disse chega. Outra que está de molho há 5 dias porque levantou uma caixa malvada. Tem a turma que desistiu da pulação na academia para se render aos repuxos da Yoga. Quem não tem um amigo com uma articulação que estrala, um cabelo que rareia, uma intolerância alimentar ou dificuldades de sono, um interesse silencioso e crescente por aplicações de botox?
O negócio é saber se adaptar. Não se render, mas também não se debater, como ensinariam, se pudessem, os peixes que caem nas redes. É se deixar levar pelo doce sabor das ondas, aproveitando ao máximo a viagem. Nós controlamos nossas vidas, mas a natureza tem sempre a última palavra.
Complemento com uma frase do Mário Lago, enviada por um casal amigo de Blumenau e que combina muito:
“Fiz um acordo de coexistência pacífica com o tempo:
Nem ele me persegue, nem eu fujo dele.
Um dia, a gente se encontra.”Falando em estações, deixo aqui um trecho que mostra as 4 estações do ano de forma especial e que entra na classificação já comentada do “deixa eu ver só esse pedaço”… Um Lugar chamado Nothing Hill também é um daqueles filmes aos quais não resisto.
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Imagem outonal: WeHeartIt
Palmas para nós, que estamos aqui, lendo este post. Vivos nesse palco, fazendo de tudo para retardar o cerrar das cortinas. Consultas médicas, exames, tratamentos, ginásticas, drenagem, 8 copos de água, alface, carne sim, carne não, 8 horas utópicas de sono…
Tendemos a pensar no envelhecer associado a perdas: pele menos viçosa, falta de memória, visão e audição diminuídas, capacidades gerais descendo a ladeira. Mas o processo do envelhecimento é sábio. Como os 9 meses que nos preparam para a chegada de um filho, o passar dos anos vai nos alquebrando, organizando nossos corpos e mentes para as perdas e ganhos. Ganhos? Sim, como não? Mais experiência, maior segurança. O corpo não é mais o mesmo, engorda, dói aqui, dói ali, mas se delicia dançando ao som de músicas que despertam boas lembranças. Mais franqueza e também mais sabedoria para saber a hora certa de ser franco. A possibilidade…
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Oi Jô,
Nossa , que post mais lindo!
Gostei muito da sua reflexão e também do trecho do filme que você escolheu.
Aceitação é a palavra chave para vivermos esse momento da vida.
Bjs e bom finde
Pois é Jô, o tempo passa mesmo para todos nós e é inevitável que por vezes nos sintamos mal com isso. Mas quem envelhece é só o corpo, nossa alma, nossa mente, nossa essência, continua jovem e é aí que precisamos nos deter e passar a exigir menos do corpo e mais da alma…
E vamos em frente porque ainda ha muito o que viver…
Beijos
Vania