Por que será que a gente está sempre querendo, comprando, guardando algo? Se sua resposta for “Porque preciso disso”, nossa conversa está encerrada, pode ir fazer algo mais interessante. Mas, se você não conseguiu ser tão definitivo e ainda está pensando na pergunta, acompanhe-me.
A resposta ao querer é que o mercado está sempre oferecendo muito todo o tempo, atiçando nosso desejo. A questão do comprar ou não comprar é explicada pela baixa resistência ao consumo que assola nossa sociedade. Já o guardar… novamente, por que?
Primeiro passo para solucionar o dilema: diferenciar acumular de colecionar. Sou uma colecionadora de algumas coisas que gosto e prezo muito, pois quem coleciona é regido por uma paixão específica. É um guardar pensado, precioso, organizado. Diferente de acumular: simplesmente guardamos. Calças jeans, perfumes, sapatos, canecas, pratos, panelas, travesseiros e… livros. É, eu sempre acabo voltando para eles.
Talvez a solução para os excessos que retemos em nossas casas seria tratar tudo como coleções, mantendo apenas o que for amado, especial e irremovível de nossa história.
No livro da Danuza Leão, É tudo tão simples, no capítulo Simplificando você vai encontrar pequenos rasgos de sabedoria como esse: “Andei pensando nessa história de simplificar, e vejo que passei a primeira metade da minha vida querendo ter as coisas – e estou passando a segunda metade querendo me desfazer das coisas, e ficar apenas com o essencial. Bem curiosa, a vida.”
E agora, já tem uma resposta à primeira pergunta: por que guardamos tanto? Comente, quem sabe a gente esclarece essa questão.
E já que estamos desapegando, livre-se dos livros lidos para que eles cheguem às mãos de leitores novos. Conheça a Freguesia do Livro.
Ilustrações: Jô Bibas
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Oi Jo como vai? sou totalmente desapegada das coisas aqui de casa.
nem copos, nem panelas, vasos ou roupas. A unica coisa que nao dou sao meus livros. Coleciono? sei la…so sei que adoro.
anualmente faco questao de doar os excessos de brinquedos dos netos e as roupas que nao usamos mais. Mas meus livros eu nao dou, morro de ciumes.
se e um defeito entao eu o tenho.
e com prazer! rsrsrs
beijos e muito carinho pra voce.
Eu tambem nao gosto de acumular coisas. Toda vez que me livro do que esta parado sinto como se tivesse feito uma limpeza na vida…me sinto leve. Com relacao aos livros conheco muitas pessoas que tambem nao tem coragem de doar alguns. Tem livro que me toca muuuuito, que eu recomendo, gosto de emprestar e estes eu deixo guardado, massss tem um monte de livros que voce le, ate acha legalzinho (nao uma brastemp, mas bonzinho) e voce sabe que NUNCA mais vai abrir aquele livro e reler aquela historia, entao porque deixar ele fechado na estante?? Voce pode achar a historia so boazinha mas outra pessoa pode achar o maximo. Sem contar que, ninguem e eterno e depois que voce desencarna o trabalho de se livrar de tudo fica para os parentes que vao pegar tudo e fazer o que voce nao fez: DOAR.
beijo Jo
Quando adolescente alimentei o sonho de que um dia iria morar num veleiro, e meu quintal seria as praias de que mais gosto. O tempo passou e não alimento mais esse sonho. Não porque eu o considere impossível, apenas porque, por algum motivo, perdeu importância para mim. Pois bem… um aspecto positivo desse antigo sonho é que sempre vivi com o pensamento de que não poderia acumular coisas que não coubessem no veleiro. Efeito prático, tornei-me muito pouco consumista. A entrada de roupas novas no armário obriga a saída de roupas velhas. O mesmo vale para os livros, cds, etc. Minhas lembranças de viagens são as fotos e as experiências vividas, raramente compro souvenirs. Mesmo tendo boa situação financeira, possuo apenas seis pares de calçados (dois chinelos, um sapato social, um sapatênis, uma bota de trekking e um tênis). Algumas pessoas não entendem meu jeito de ser e pensam que sou pão duro, mas eu não ligo. E se o sonho do veleiro um dia vingar, terei apenas os dois pares de chinelos… rsrs… Abraços.
Marcio, analogia perfeita. Se todos encarássemos nossos bens como o suficiente para viver e para caber em um veleiro, (ou um trailler, ou uma cabana em uma montanha, uma casinha na praia) os excessos seriam vistos de outro modo. Obrigada!
Adorei o comentário do Márcio, capturou exatamente o que eu penso também.
Não sou de todo um consumista… mas fgosto de guardar (clecionar…) o pouco que compro.
Beijinhos.
Jô, tenho esse compromisso comigo: comprei algo e algo sai. Uma blusa nova, uma blusa é doada. Não tenho coleções e vivo bem com o que tenho. Feliz.
Somos muito estimulados o tempo todo a TER e pouco a SER, essa é a verdade.
Olha o post do dia da mulher, você foi minha homenageada.
Beijinhos
Lucia
Oi,Jô!
Eu também acho que este problema consumista que tem se espalhado pela humanidade afora, está mesmo enraizado na política de propaganda excessiva pelos bens de consumo. O lema básico me parece ser : “Consumir mais,aquecer os mercados , para o bem da economia mundial (ou de determinados grupos econômicos”,é claro!) E isso acaba contaminando de tal forma o nosso subconsciente, que muitas vezes somos “enganados” por nós mesmos, que “precisamos ” muito comprar determinado bem de consumo. E quando percebemos, estamos praticamente “atolados” de coisas que não precisamos mais.
Gostei muito da teoria do Márcio sobre o “veleiro”. Realmente a nossa visão sobre as coisas se torna bem diferente quando lidamos com o que é simples e fundamental em nossas vidas.
Lembro de uma das viagens nossas aos EUA (“paraíso dos que gostam de consumir”), e da insistência do meu marido para que eu comprasse um par de tênis novos… E eu tive que dizer não, simplesmente porque eu já tenho um par de Tênis antigos,mas que me servem bem até hoje… Não via lógica em trocar de tênis´só porque eles estão mais velhos… E assim penso em relação à outros bens também.
Mas sei que o desapego é algo muito diícil de se exercitar e o “consumismo excessivo” também… Acho que pra começar, devemos primeiro começar à olhar e valorizar o lado mais simples e belo da vida… E nos saciarmos com a mais pura beleza da existência, que é aquilo tudo que nos doa uma felicidade genuína, que dinheiro algum pode comprar!
Beijo grande pra ti!!!
Teresa
Oi querida Jô…
eu li uma reportagem sobre a Danusa, não sei em que revista, falando do desapego dela! E achei inspirador! Não precisamos de tantas coisas! E podemos partilhar outras tantas com quem tem menos…
Beijos e ótimo fds!
Luiza Mallmann
decorarsustentavel.blogspot.com
Guardamos muito,sim, p/ suprir um buraco negro da alma. Ter a sensação de ver nosso ninho ou caverna bem supridos, nos dá uma pseudo-segurança e conforto.Nesse bem estar de TER,existe muito passado p/ ser analisado.Acho que ninho e caverna só mudaram de nome,mas a lei da sobrevivência continua,porém muito mais doentia.Bjs,Raquel.
Eu guardo, até achar que não preciso mais.
Às vezes, guardo para compartilhar.
E às vezes não guardo.
Bjs.
Vamos vivendo a ânsia por Ter, achando que assim chegaremos a Ser. Mas é isso, vamos crescendo, aprendendo e ressignificando.
Jô, te enviei dois e-mails agora sobre a pergunta que você fez sobre o trabalho de Coaching em meu blog. Eu realizo atendimentos à distância, enviei mais detalhes para você compartilhar com quem se interesse.
Abraços!
Juliana
Adoro livros de receita manuscritos.
Eles guardam muito mais que receitas…
Estou querendo um mundo menos materialista, menos consumista para mim. Acredito na beleza das coisas, e principalmente na boa humanidade
cultivo e cultivarei com mais afinco os valores, os princípios, a conduta. O individualismo, o egoísmo, o consumismo estão superestimados. Eu quero que outras pessoas tenham as oportunidades que tive, e também que possam prosseguir nas oportunidades que tive mas perdi. Que possam ler os mesmos livros que eu, que possam amar Truman Capote, que se emocionem com Fitzgerald, que percorram os caminhos de Jack Kerouac, que repensem e refaçam seus conceitos com Umberto Eco, Schopenhauer, Freud, Jung, Einstein, Baulman. Eu não tenho problema nenhum em doar os meus livros. Que eles façam o mesmo bem à outras pessoas, assim como fizeram comigo. Que elas sejam pessoas capazes de encontrar novas camadas de suas almas a partir dos livros que foram importantes para mim. Que eles sejam úteis para elas. Ou apenas divertidos. É apenas papel, com os pensamentos desses caras que amamos. E livro atrai livro. Quanto mais livros sou capaz de doar, mais livros maravilhosos acabam vindo parar nas minhas mãos, para serem doados novamente. O mundo precisa de mais pessoas lendo. E não de mais livros acumulados em estantes imaculadas, onde o toque ou a aproximação é uma heresia.
[…] Ter tanto […]
Olá, vim ver o post, adorei tudo.
Lindas as ilutras também, parabéns. Um ótimo fim de Páscoa, que o espírito desta data permaneça em nossos corações.
bjo
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[…] Ter tanto Share this:CompartilharFacebookGostar disso:GosteiSeja o primeiro a gostar disso. […]
[…] Ter tanto […]
[…] malas, lembrei de um comentário recebido no post Ter tanto. Fui lá buscar e colo […]
Adorei a analogia de Marcio.
[…] encorajam ou que lhe servem uma xícara de café. Não esqueça: dinheiro não traz felicidade. Doe tudo aquilo de que você não precisa. Valorize quem você é agora. Faça parte de um grupo. Compartilhe um interesse. Mantenha acesa a […]
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[…] Ter tanto […]
olá!
A quem pertence a autoria das ilustrações?
[…] Ter tanto […]
[…] Porque exatamente guardamos tantos livros? Para saber o que já lemos? Movidos pelo “quem sabe um dia vou querer reler”? Para parecermos cultos e intelectualizados? Não se ofenda, você que tem paredes cobertas por volumes sem fim, livros amados aos quais se apegou irremediavelmente. Estou só compartilhando aqui um novo jeito de ver isso, de refletir se os livros lidos não estariam sendo melhor utilizados se abríssemos nossas gaiolas culturais e os deixássemos voar. […]
[…] Ter tanto […]
[…] verdadeira organização, tudo passa pelo crivo do apego. Porque temos tantas coisas? Porque, mesmo tendo tanto, continuamos a adquirir mais e […]
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[…] Ter tanto […]
[…] O primeiro movimento foi eliminar a ficha de empréstimo. Quer devolver, devolva. Se não, tudo bem também. Em seguida percebi que tirar livros de minha estante (que não é um coração de mãe, portanto tem seus limites de espaço), abre lugar para novos. Para o desejo de novas leituras. E permite que os livros sejam reutilizados, usados por outras pessoas. E me ajuda a manter uma certa ordem, que é impossível quando temos demais. […]