Quem nunca pensou em ser invisível? Ou algo minúsculo, uma mosca, que ninguém vê, para poder presenciar coisas sem ser percebido. Poder transitar sem que ninguém perceba a sua presença…
Muitos tiveram, durante a infância, um amigo invisível. Companheiro imaginário que vai sendo abandonado pelas crianças à medida que a razão cresce mais que a intuição. Lembro de ter lido que o Amir Klink tinha um carneiro, que só ele via, que lhe fez companhia durante alguns anos dos seus tempos de menino. Até que caiu do carro e morreu atropelado na Faria Lima. A mãe teve que parar o carro para pegar o corpinho do carneiro que só Amir via… E da mãe de uma minha paciente que às vezes entrava no consultório avisando: “Pelo tempo que tive de esperar para a turma da Jacque sair do carro, hoje a terapia vai ser animada!”
Outra invisibilidade que me encanta é a das amizades virtuais que vão se constituindo no mundo dos blogs, compatibilidades e trocas com pessoas que muitas vezes nem sabemos como se parecem.
Aspectos positivos da invisibilidade. E os negativos? Sentir-se invisível sem querer ser invisível. Ser desconsiderado. Não ter voz. Li um texto escrito por um pesquisador da USP que mostra o resultado que obteve trabalhando por 8 anos, duas vezes por semana, como gari no pátio e estacionamento da universidade que frequentava. Ninguém o reconhecia, ninguém o cumprimentava, ninguém olhava para ele. Ninguém o via.
Desde então, cumprimento “os invisíveis”. Garis, vigias, seguranças… O sorriso meio perplexo pela inesperada sensação de estar sendo visto recompensa e reforça minha ideia de que nada pior do que ser transparente. Minha vontade de ser invisível não existe mais.
Contribuições de um amigo. Combinam muito bem.
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Daria muito jeito em certos momentos… 🙂
Oi Jô querida, como vai?
Minha filha caçula tinha um amigo invisivel na infância. Os dois mais velhos nunca me contaram isso, e se hoje pergunto, dizem que não.
Mas a Ju tinha, e o nome dele era Reinaldo. (não pergunte porque!).
Conversava tanto com ele, encostada na parede de azulejos da cozinha, que eu pensava que ela estava falando com o proprio reflexo.
Mas ela dizia que não, que era o Reinaldo que estava alí.
Carregava no carro, dava beijos, fazia carinhos. o Reinaldo era menor que ela, porque dava colinho pra ele!
Isso passou (ainda bem!) e hoje damos boas risadas por conta disso.
Li o estudo que você comenta sobre o professor da USP. É um relato impressionante mesmo. Deve ser muito triste ser invisivel. Procuro também cumprimentar essas pessoas para que elas sintam-se inseridas, porque são realmente inseridas, apenas nem todos sabem.
Beijos querida, boa semana por aí…
Admiro e curto demais sua habilidade em “pular” de um assunto para outro e tudo fazer sentido.
Meu amigo invisivel quando eu era crianca era um monstro. Criei esse monstro no meu imaginario pq assim eu burlava o meu medo das coisas. Tendo um monstro como amigo eu nao tinha nada a temer.
Ser invisivel qdo nao se quer ser invisivel, nao ter voz, nao exitir para o outro – isso e terrivel e assustador. Nao sei se voce me entende qdo escrevo isso, mas eu acho q nessa sociedade q eu vivo hoje esse respeito ao outro individuo e muito maior e mais visivel. Eu noto que qdo vou ao Brasil e cumprimento a todos e dou um sorriso, vejo essa perplexidade no rosto dos que sao considerados invisiveis.
Oi,Jô!
Lembrei agora mesmo que o meu filho mais velho, quando era pequeno, vivia vendo “anjos” por todos os lados… Sempre me perguntava se era apenas pura imaginação dele, ou se aqueles anjos estavam realmente por lá… E como dizia o nosso velho amigo “William”, “Há mais mistérios entre o céu e a terra do que possa imaginar a nossa vã filosofia”… A verdadeira “invisibilidade” é um mistério” e a mente humana navega por ele…
Beijo grande!
Teresa
Oi Jo! Pra gente que gosta de literatura infantil, tem uma série de historinhas maravilhosas (a arte é incrível!) que se chama Charlie e Lola – não sei se vc conhece. Caso não conheça, corra para uma livraria ou o Youtube. A Lola, irmãzinha pequena do Charlie, tem um amigo imaginário permanente em quem ela projeta seus medos, suas dúvidas e é claro, joga algumas “culpas”. Ela trava fantásticos diálogos com o Soren Lorensen (esse imaginário amigo tão bacana) e assim permite que os outros compreendam o que se passa na cabecinha dela e como são seus sentimentos em situações em que ela própria não ousaria revelar. Tão bom se a gente pudesse seguir tendo este espelho de nosso íntimo e conversássemos com o nosso eu invisível tão facilmente depois de adultos, não? Quanta terapia nos pouparia…!
Já quanto ao invisível indesejável, acho triste reconhecer (apesar de ser orgulhosamente curitibana), que essa ignorância pelo outro, desde o vizinho no elevador até as pessoas que cruzam caminhos todos os dias, é infelizmente (ainda) uma pessima característica da gente daqui. Isso de um modo generalizado, é claro. Mas sinto que aos poucos isso muda!
Acho que tão importante quanto permitirmos que nossas crianças alegremente mantenham seus amigos imaginários (e assim ouçam e enxergarem a si mesmas) é estimularmos que elas olhem para o outro. Não um olhar bisbilhoteiro, mas um olhar atento, humano, da mesma forma como elas próprias gostam de serem vistas. Um gesto que começa dentro de cada casa, mas deve continuar elevador a dentro, com os vizinhos, o porteiro e por ai vai…. . um beijo Silviane
Jô nosso amigo invisível era o Frederico. Digo nosso pois era meu e do meu irmão. Ele morava no alto do armários.
Já li essa experiência da universidade. Muito interessante.
Sempre vi os invisíveis e fiz amizades com muitos…e sempre aprendi muito com eles. Garis, jardineiros, faxineiros….tenho amigos em todas as classes. Felizarda me sinto.
Beijinhos
Lucia
Oi Jô,
Eu tinha um casal de amigos invisíveis na minha infância. Eram adultos, mas pequenos, como a Barbie e o Ken, mas não eram bonecos, eram gente de verdade e moravam no jardim do quintal de minha casa. Qdo foram embora, eu não sei. Tb tive uma gêmea (sou filha única), mas esta era menos frequente do que o casal.
Qto as pessoas invisíveis, eu sempre tomo café em uma padaria perto do serviço e as atendentes reclamavam disto, que os clientes, qdo as encontravam na rua, não as cumprimentavam. Daí eu alertei-as que eu mesma já tinha tido dificuldade de reconhecer as garotas, pois elas trabalham com um gorrinho na cabeça enfiado até a testa e qdo tiram mudam completamente. Todas concordaram que o tal gorrinho era uma camuflagem e que dava invisibilidade.
Beijos 1000 e uma 3ª-feira maravilhosa para vc.
SORTEIO!
http://www.gosto-disto.com/2012/02/sorteio-2-anos-do-blog-giveway-2-years.html
Jô, muito legal! Sempre procurei cumprimentar e agradecer aos “invisíveis”, mas confesso que comecei a me empenhar mais depois de ler sobre este trabalho na USP na época em que foi publicado.
E não posso deixar de render homenagens à Marilion (sim, era esse o nome da amiga, talvez inspirado na minha avó Marília). Convivi com ela até uns 7 anos, acho. Morava na Bispo Dom José, na frente do antigo Bom Struddel, ia para a escola, fazia lição, brincava… Até que um dia a matei caindo de uma pedra de Vila Velha. Eu tinha ouvido essa história real e acho que fiquei tão impressionada que achei que seria uma morte apoteótica para a Marilion! 🙂
Meu pai puxava assunto, perguntava o que a Marilion tinha feito etc e eu contava em detalhes. Até o dia em que a matei. No dia seguinte ele pensou que eu ia ter esquecido, insistiu nas perguntas e eu só respondia “ela morreu”. E ponto final.
Raquel
A história do Gari faz-nos pensar e muito…!
Eu nunca tive um amigo invisível, mas às vezes, caminhando no meio do povo, sinto que sou invisível, pois muitos querem passar por cima de mim, me “atropelar” mesmo. É só comigo???
Sei do que vc fala, dos seres invisíveis que estão ali, todos os dias. Eu presto atenção neles, sei quem eles são. São os porteiros, os vigilantes, as faxineiras, os carteiros… eu os conheço pelo nome e falo com eles. As pessoas com quem eu convivo não são invisíveis. Bjs.
Jô, complementando, acabei de ler o texto sugerido e gostei muito. É bem isso mesmo. Vou guardar o texto lá no meu blog e fazer referência ao seu. É bom demais para se perder. Bjs.
Jô, tudo bem que as vezes dá vontade de sumir mesmo, mas ainda bem que isso é impossível. Assim, temos a chance de enfrentar e resolver o que nos aflige, de outra forma, sempre camuflaríamos as dores.
Meu filho tinha um avô imaginário, Vô Castelo, ele falava tão claramente que até me assustava. Escrevi algumas páginas de seus discursos sobre o avô imaginário. Impressionante. Tenho até hoje as escritas. Era tão grande a afinidade entre eles que meu filho mais velho começou a ficar muito inciumado do tal avô, que só aparecia para o outro que também inventou um avô imaginário, mas como era invenção, ele não conseguia narrar tão bem os fatos.
Legal esse tema. também já li sobre a experiência do pesquisador, e concordei mesmo. Infelizmente.
Abraço
Jô! Vim te visitar para agradecer a tua visita e os teus comentários lá no blog e conhecer o teu cantinho virtual e já fiquei encantada e emocionada com o teu texto e as imagens que escolhestes! Fiquei encantada principalmente com a segunda, do my dear friend! Maravilhosa essa ilustração! Já assistisse o filme “Onde vivem os monstros?” Lendo o teu texto me lembrei desse filme que também trata da imaginação infantil, só que mais relacionado às questões de lidar com raivas e frustrações.
Muito obrigada por despertar essas reflexões!
Ah! Fiquei curiosa a respeito do teu projeto!
Beijos, Sandra
Jô, noto hoje em dia que os “invisíveis” estão,cada vez mais, deixando de sê-lo. De algum modo as pessoas, ditas simples, estão começando a ter conciência do seu valor e a cobrá-lo, graças a Deus. Que bom.
bjos.
Oi Jô,
reflexão bem interessante. Às vezes queremos ser invisíveis mas ser invisível sem querer é cruel. rs.
bjs
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O Jô, adorei este também. Sempre tentei ser atenciosa com todos, mas desde que li esse trabalho passei a me empenhar ainda mais. Todo ser humano é luz, não podemos nos esquecer disso. Abraço
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