Sempre gostei de ler. Desde pequena, com uma luzinha de abajur, lia brigando com o sono. Consegui fazer de meus filhos, apesar da luta injusta com computador e televisão, bons leitores de livros de papel.
E sempre fui muito ciumenta com meus livros. Escrevia meu nome dentro, mês e ano em que os tinha ganho ou comprado, algum comentário sobre o que tinha achado deles. Carimbo ex-libris, número do meu telefone na frente e na última página, caso o emprestador chegasse ao final da história esquecendo que eu esperava a devolução, tudo anotado em uma ficha, tipo bibliotecária zelosa e guardadora. Olhava a minha estante com orgulho, livros que representavam meu modo de ser de acordo com a idade: os filosóficos da adolescência, os romances de quando os filhos eram pequenos, os suspenses que hoje me mantêm acordada.
Eu sei exatamente o momento em que tudo isso se quebrou: um dia, emprestando um livro de uma amiga, abri na primeira página e observei que ela tinha (oh, céus!) esquecido de colocar seu nome ali. Ao que me respondeu simplesmente: “não coloco nome nos livros. Eles não precisam ser só meus, devem passear por aí”. O famoso clic, sabem como é? Desde então tenho praticado o desapego.
O primeiro movimento foi eliminar a ficha de empréstimo. Quer devolver, devolva. Se não, tudo bem também. Em seguida percebi que tirar livros de minha estante (que não é um coração de mãe, portanto tem seus limites de espaço), abre lugar para novos. Para o desejo de novas leituras. E permite que os livros sejam reutilizados, usados por outras pessoas. E me ajuda a manter uma certa ordem, que é impossível quando temos demais.
O passo seguinte foi começar a Freguesia do Livro, amplamente divulgada aqui, que se transformou numa ONG que atua com força em Curitiba e muitos outros lugares, espalhando livros livremente.
E tem ainda uma ideia meio antiga, que compartilho aqui na esperança de pescar um adepto. É o “Perca um livro”, projeto internacional de incentivo à leitura. A ideia é “perder” um livro em um local público onde poderá ser achado e lido por outra pessoa que por sua vez deverá fazer o mesmo. Simplesmente perca um livro. Ele certamente vai chegar a algum lugar.
Tudo isso não é tão fácil quanto parece, não se deixe enganar por minhas levianas palavras. Os livros queridos são difíceis de libertar. Mas é um exercício que podemos tentar. Coloco aqui o meu preferido antigo e um recente que apreciei. Te convido a fazer o mesmo.
Meu livro antigo preferido:
Um que li e gostei recentemente.
1. dasapegue-se de seus livros. Olhe-os como algo que já cumpriu o seu papel e que está na hora de levar sua história para outro lugar, outro olhar, outra pessoa. Você pode doar ou pode simplesmente esquecê-lo por aí.
2. espalhe essa ideia. Uma amiga, quando soube da necessidade de revistas em quadrinhos para nossa biblioteca, pegou uma caixa de papelão, escreveu “Precisamos de gibis. Obrigada” e colocou no vestiário de sua bela academia de ginástica. Encheu a caixa em poucos dias e nossas crianças adoraram!
3. pense em qual é seu livro preferido. E qual é o livro que leu recentemente que mais te agradou. Entre esses dois extremos garanto que existem muitos títulos descansando abandonados em suas estantes…
Imagens: Pinterest e Weheartit
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Post muito legal 🙂 Sou leitora compulsiva desde criancinha e faço o maior esforço para tornar meus filhos leitores também. Adorei! Não tenho ciúme de quase nenhum livro, me dá prazer emprestá-los e ver outra pessoa se deliciando com aquela história. Você já ouviu falar do site Trocando Livros? É bem interessante e funciona muito bem, já usei! A propósito, “Cem Anos de Solidão” está entre meus livros preferidos na vida 🙂 Um beijo,
Jo, que maravilha! Fiquei encantada com o projeto e confesso que não é fácil o desapego, também tinha o costume de deixar meus comentários, frisar trechos mais queridos e frases mais tocantes…apesar de doar bastante, ainda há muito o que desapegar…Kkkk!
Sou muito apegada ao meu Orgulho e Preconceito da Jane Austen, ao qual vez ou outra tenho febre e releio novamente. Assim como Cem Anos de Solidão de Gabriel Garcia Marquez. Sinceramente, minhas compras de livros não são novas e geralmente são de sebos ou empresto na biblioteca da cidade. Atualmente tenho dado uma pausa, as leituras bem leves estavam me fazendo companhia, mas minha alma já sente coceiras de voltar a leitura, o cheiro de livro me faz falta… sei que me empolguei, farei um post para divulgar tuas ideias, posso? Bjo grande!
Excelente!Gostei das idéias.Vou fazer um rastreamento e ver o que vou esquecer por aí…
Malu, começar a prestar atenção é o primeiro passo!
Cris, livros são uma paixão. Deixá-los ir é um esforço, eu sei!
Lu, Vou ver esse site que mencionou. E estou percebendo que Cem Anos… é quase uma unanimidade!
Na minha fase atual de desapego, os livros serão os mais difíceis de incluir. Não tinha nem pensado nisso e agora que pensei … sei não … vou pensar mais um pouco. Atualmente tenho lido 3 livros simultaneamente: 1 livro de papel, 1 e-book no IPad e 1 audiobook no IPhone. Minhas esperas por aí ficaram muito mais interessantes e também a academia tem rendido mais. Vejo que as 3 mídias podem conviver muito bem, cada uma na sua. Mas amor mesmo, aquele agradar com os dedos, sentir o cheiro, apreciar uma capa especialmente bonita, isso só no livro em papel.
Meu livro antigo muito amado é Os Pilares da Terra, do Ken Follett, já devidamente lido e relido. O preferido recente é, quase sempre, o atual. Aquele que começo a ler devagar no final, para não acabar. Mas logo começo outro na esperança de ser o próximo preferido. No momento é Terra Virgem, da Philippa Gregory. Ela mescla como ninguém fatos históricos num romance.
E por falar em doações, a Biblioteca Pública tem um setor só de audiobooks para deficientes visuais. Como estou no sexto audiobook, vou começar doando os CD’s para eles. Bom, já é um começo!
Tânia, a ideia é bem essa: ler cada vez mais, acumular cada vez menos!
A ideia da caixa de gibis na academia foi excelente e muito bem sacada! =D
Oi,Jô!
Também tenho uma longa estória de amor com os livros… foi como eu já disse,aqui em casa (assim como as fotografias… Rs…) eles parecem “seres vivos” e quando vejo, já estão espalhados por todos os lugares. Também estou tentando passar este “amor” para os meus filhos… O meu filho mais velho, que tem 15 anos, já pode ser considerado um àvido leitor e “devora” as estórias bem rapidinho. Sempre nos pede livros de presente. Acredito que o nosso menorzinho,de 7 anos, também vai pelo mesmo caminho… Mas atualmente ele adooora as revistinhas da Turma da Mônica (Rs…).
Sabe Jô, já fui parecida assim contigo e tinha um certo “ciúmes” dos meus livros. Mas o tempo vai passando, e como também já fui professora, a gente muda o jeito de ver as coisas… Passei a ser mais solidária, e costumo oferecer alguns dos meus livros para os nossos parentes e amigos… Não me preocupo mais se eles devolvem ou não… Se eles ficam em outro lar, considero como um presente que dei para aquela pessoa. Mas bem verdade que o “desapego” não é lá tarefa fácil não… Tem vezes que tenho umas recaídas… (Rs…) Principalmente com aqueles livros que gostamos tanto… (Rs…)
Quando eu lecionava na escola pública, lembro que fizemos várias campanhas para conseguir ampliar a nossa biblioteca… E acho que esses projetos são tão bacanas e enriquecedores para todos nós!
Por isso, acredito que sejam muito válidas todas as idéias que possam fazer do livro um objeto democrático e popular. Precisamos realmente levar essa “nossa paixão” à todos ao nosso redor, como uma cadeia maravilhosa formada por muito calor humano.
Em falar no assunto… Esta semana começa a famosa ” Bienal do livro” aqui no Rio de janeiro (dia 1 à 11 de setembro no Riocentro). Programa cultural para toda a família e os amantes dos livros… Imperdível !!!!
Beijo grande aqui dos cariocas de plantão!!!
Teresa
Bellissima la prima foto. Molto suggestiva!
Ciao, elena°*°
Belo post (estava faltando vc contar essa história pro mundo) e belíssima iniciativa!
Pretendo aderir a idéia, mas será um GRANDE, muito grande, desafio, como você bem sabe. Ainda me arrepia e me dá calafrios só de pensar em não colocar meu nome nos livros!!! Mas, confesso que você e a Freguesia do Livro me fizeram descobrir um sentimento bem melhor que o alívio de nomear “meus” livros! Era o empurrazinho que eu precisava 😉
Beijos e boa semana, Jezz.
Jezz, bom te rever por aqui. Estou acompanhando teu exercício de desapego. Tem tempo, vai com calma…
Teresa, combinamos em várias coisas, não? Adoro suas visitas!
oi Jo,
Acabei de abrir o comp e vi essa ideia super legal me contagiou e ja estou providenciando,pelo menos um livro para dar inicio ao desapego…ekek…
A Bia minha filha ja correu para a sua prateleira e ja fez ate a dedicatoria,
bjss e bom dia
Ina
O máximo. Adorei. parabéns!!
Josi Basso
Jô! Adoro seu blog e amei o post!!! A ideia do perca um livro eu já conhecia e acho fantástica… só não consegui colocá-la em prática. O desapego é realmente essencial, mas difícil difícil…rs.
Hoje mesmo olhava minhas estantes, no meu apartamento mínimo, e pensava como poderia conseguir mais espaço… mas acho que, por enquanto, os livros novos terão de conviver num apertamento, rs, com os antigos…
Eu não consigo deixar ir embora alguns livros que li quando criança: Pollyana, os livros de Lygia Bojunga… Eles estão ali, na estante, sempre comigo.
Nós nos encontramos pelos livros, e com eles continuamos a conversar. Obrigada pela sua presença no Degraus. Você já conheceu o Viagens de Amélie? http://www.asviagensdeamelie.blogspot.com.
Carinho grande, Drix.
JÔ querida! não conhecia a idéia e achei fantástica…mas como diz a Dtix, e o apego aos livros? como resolver? amo todos eles e cada frase importante é sublinhada e às vezes volto lá…quero deixar para quem vem depois de mim, quem sabe…por exemplo, em Adeus China, tenho destacado as passagens dele quando criança e a mãe dele fazia a comida com carvão…demaisss!
bjs e até a próxima!
belo trabalho, Jô! ainda tenho muito metros de prateleiras cheias de velhos amigos, mas ao longo dos anos tenho descoberto a alegria de compartilhar os livros passando-os adiante para amigos e alunos, e, como no http://www.bookcrossing.com/ , deixando-os em um quarto de hotel, um banco de trem…
aproveitando o post, a melhor livraria do mundo: http://www.bartsbooksojai.com/about/
meus favoritos: velho – hardy´s far from the madding crowd; novo – roth´s everyman
Claudia,
Obrigada pelas dicas. Esses sites são muito legais!
E vou pesquisar esses livros!
BJô
Jo, vc escreve tao lindamente. fico apaixonada sempre com tuas palavras. quando dava aula numa escola catolica a bibilioteca era mais reservada a livros de fundo ideologico. entao montei uma biblioteca ambulante com meus alunos. para participar tinham que doar um livro. sucesso. a garotada amava ler. este teu post me deu saudades. posso te mandar livros em ingles para jovens? e outros tambem.
Jô, concordo com a Valentina, vc escreve lindamente…é apaixonante o modo como descreve as coisas.
Eu comecei a ser uma leitora mais assidua nesse meu período de Suécia; na verdade, eu gostava de ler, mas meu marido foi um grande incentivador. Depois que nos conhecemos, li muito mais. Entre ano passado e este eu li 7 livros e tenho dois encaminhados. Tá, vc pode dizer: é pouco; mas pra mim não, levando em consideracao que 5 deles eram em inglês, achei que foi um bom número!. Fiquei bem contente com meu desempenho e espero aumentar!
Mas confesso que ainda não consigo me desapegar deles…gosto de te-los por perto. Egoismo, eu sei. Ainda mais sabendo como custa caro livro no Brasil. Aos pouquinhos vou aprendendo!!
Beijos e parabéns pela iniciativa!
Oi filha, como sabes já fiz 3 mega – limpas nos meus livros e adorarei fazer mais uma logo que puder subir em escadas. Tenho muitos em alemão, se tiveres destino para eles, avisa. bjo. Mami
Oi Jo! Custei, mas achei o teu blog. Eu era ciumenta dos meus livros, mas penso assim: tenho pouco espaço para guardar tudo. Só guardo os que pretendo reler no futuro. Se eu ficar em dúvida se vou reler, foi-se, doo ou troco. No futuro, posso obter uma nova edição, pouco importa. O futuro é muito distante. Quanto a sua viagem para a itália, fiquei interessada, vou ter que dar uma espiada por aqui. Bjs.
Patrícia, você é das minhas! Volte sempre. O discurso aqui passeia nesses temas…
Christa, se vc achar um em alemão,de “fácil leitura”,por favor guarde pro meu filho.Ele está engatinhando sozinho na língua,até conversa c/ a Jô! Seria ótimo.Bjs e obrigada.Raquel.
Uma ideia interessantíssima que merece ser bem divulgada!
Divulga mesmo, Manuel! Mais livros a voar por aí!
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Que belo site você tem. Gostei muito de ver que esta ideia se espalha por aí. Aqui em Porto Alegre temos algumas paradas de ônibus com estantes, onde são deixados livros anonimamente.
Também tive que aprender o desapego. Era proprietária ciumenta da minha biblioteca. Agora, já passei adiante diversas obras, o que me fez muito bem.
Fiquei fã de sua escrita. Passo a seguir de hoje em diante. Abraço.
Hoje em dia eu não leio muito mais não, mas procuro sempre ter um livro na minha mesina de cabeceira e ler um pouquinho todas as noites.
Tive a felicidade de ter uma irmã apaixonada pela leitura, além de escrever divinamente, e que tem uma biblioteca enorme. Graças a ela tive acesso a uma literatura incrível – de Tolstói, Fitzgeraldo, Hemingway, Moravia, Sócrates, e muitos, muitos outros mais.
Vou passar o link dessa sua postagem para ela.
Por hoje é só, volto depois para ler o restante de sua “retrospectiva” 🙂
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Olá
como criador da campanha fico feliz em ver que todos aqui se interessaram por nossa campanha!
Se vocês já participaram, verão que no começo pode ser difícil “perder” seus livros favoritos, mas ao ver todos os caminhos que ele percorre, e que você é parte de uma corrente que está ajudando a incentivar o hábito da leitura no país, tudo fica muito mais interessante!
Assim, aproveito para convidar todos a conhecerem nossa comunidade no facebook para poderem conhecer outras iniciativas ligadas ao nosso projeto, como o Perca um Livro no email de alguém.
O link é http://www.facebook.com/pages/Perca-um-Livro-Original/133115510166930
ou simplesmente digite Perca um Livro Original!
Espero que gostem de nossas novidades!
Abs
Mister Perca um Livro
Olá,
Digo apenas que vocês conseguiram um adepto sim.
Conheci sobre o PERCA UM LIVRO a um tempo atrás, e quando fui pesquisar um pouco mais sobre o assunto me deparei com o seu site.
Gostaria de dizer que instalei o projeto na minha cidade, Dracena – SP, faz um ano e meio e nesse tempo conseguimos tantas doações na cidade que ficamos impressionados!
Temos já mais de 1000 (isso mesmo, mil!) livros perdidos e estamos realizando feiras de distribuição gratuita dos livros.!
Eu, como amante de livros, fico super feliz quando me deparo com um título novo, mesmo que não tenha tempo de ler.!
De qualquer forma, tem dado muito certo o projeto.
Se quiser conhecer um pouco mais é só procurar nosso perfil no facebook.
Está como PERCA UM LIVRO DRACENA.
Beijos
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