Você já parou para pensar no quanto os livros que leu na infância e na juventude determinaram a sua trajetória? Ou se as escolhas do que líamos e relíamos já eram uma amostra de nossas tendências? Eu acredito firmemente que o que lemos nessa época de nossas vidas deixou marcas e lembranças.
Às memórias: a botinha que a Emília fez de algodão e clara de ovo quando ficou minúscula em A Chave do Tamanho, do Monteiro Lobato. A casa na árvore do Robinson Crusoé, o sofrimento das 4 irmãs de Mulherzinhas, a colonização americana com seus potes de conserva da coleção de Laura Ingalls, a dor no coração lendo Meu Pé de Laranja Lima, o eterno otimismo da Pollyanna. Os mistérios de Rebecca, as aventuras dos Hardy Boys, as delícias da Recreio, as bobagens da Mad. Tudo faz parte do que sou agora, para o bem e para o mal.
Inevitável, portanto, que com esse grande amor pelos livros, eles fossem sendo acumulados e apertados em estantes pela casa. Demorou, mas há pouco percebi: eu não releio rigorosamente nada. Lido, está lido (exceção feita aos Cem Anos de Solidão de Garcia Marquez). E Isabel Allende, ok. Os outros… Talvez lá no fundo da mente algo me alerte ao pouco tempo que terei para ler todos os livros, ver todos os filmes, visitar todos os lugares. Portanto, ler novamente uma história, não cabe.
Então olho meus livros e penso que eles poderiam estar estimulando, distraindo ou divertindo outras pessoas. Difícil desprender-me? Muito. Mas vamos lá, vamos começar.
Ângela contou a sua história. A Freguesia do Livro começa aqui:
Sei sobre livros desde as minhas mais remotas lembranças. Não existe uma lista dos mais amados, existiu sempre a presença deles. Não me lembro do meu pai contando histórias antes do meu sono chegar. Lembro dele lendo, jornais, livros, revistas. A memória dos livros da minha vida vem através dele. Sábado íamos à revistaria Ponto Chic da família Sunye, com uma luminária de neon. Ele sempre comprava algo pra mim, revistinhas com bonecas de papel que trocavam seus vestidinhos (uns que se recortava e dobrava umas alcinhas) ou uns álbuns onde o pincel molhado passava e a imagem ficava colorida, era mágico. Outro lugar mágico como um templo era a biblioteca da Escola Paroquial São Francisco de Paula, quando era a minha vez de ir trocar meus livros o mundo podia até parar que eu nem notaria. O cheiro, o silêncio, a presença tranquila dos livros me deixava feliz. Uma única vez meu pai não aprovou a minha escolha: O Diário de Ana Maria. “Este livro não é para a sua idade…” Não é preciso dizer o quanto eu me interessei por ele!
A Jô queria uma lista dos mais amados, não há… Não tem data, nem tempo determinado, só sei que sempre lidei com os livros, fosse para estudar, fazer cópias infindáveis na escola, brincar olhando figuras com meus amigos, e principalmente com alguma história que você fica torcendo pra chegar logo a hora de poder ir ler na cama. Os livros me fazem companhia desde que me entendo por gente. Doar meus livros para a Freguesia do Livro foi um trabalho lento e difícil. É uma nova fase! Espero que eles me ajudem a conseguir motivar pessoas a descobrir a magia que há dentro deles, assim como tentei fazer com todas as crianças que conviveram comigo.
E você, do que lembra?
Continuamos recebendo livros para a Freguesia do Livro. Participe. Desprenda-se. Livros precisam viajar por muitos olhos.
www.facebook.com/freguesiadolivro
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Imagens: WeHeartIt e http://www.aquarela.blogspot.com
Sinto muito meninas mas como cheguei à mesma conclusão uns 25 anos atrás, comecei a distribuí-los e só se salvaram os que vocês levaram para suas próprias casas.
Conservei meus prediletos em alemão, primeiro porque não conheço mais ninguém que leia nesta língua e por precaução: Vi por minha mãe e tias, todas ex leitoras vorazes, que a partir de certa idade, a gente até que aprecia reler um livro não muito pesado mas muito amado.
Portanto, resolvi contribuir com Harry Potter q fará sua mágica com os futuros leitores.
Valeu, Mami!
Eu lembro que foi um livro enorme e muito lindo, que eu lia e relia com frequência, que salvou minha mãe da pergunta mais temida por todas as mães, a [calafrios] “mãe, como eu nasci?”.
Não me lembro se já o doamos ou não. Vou procura-lo e se ele ainda estiver por aqui, vou passá-lo para freguesia do livro e salvar outras mamães.
Beijos
Jéssica, que graça! Espero ao menos saber que livro é esse. Essa perguntinha realmente gerava algumas saias justas.
BJô
Oi Jo,
Que pena que eu ja doei todos os livros para a Biblioteca Publica…E respondendo a pergunta ¨Do que eu me lembro…¨, me lembro vivamente e com lagrimas nos olhos de minha mae lendo e imitando voz por voz de todos os personagens de Monteiro Lobato: a voz de preta velha de Tia Nastacia, as de criancas de Pedrinho e Narizinho, a de vovo de Dona Benta e assim por diante…Quantas saudades!!Bjs…
Andrea,
Obrigada por compartilhar!
BJô
Jô,
Devorei os mesmos livros nas estantes do Sion e outras mas, regra geral, também não releio. A exceção é o “Tesouro da Juventude”. Achava curiosíssimo folhear as “Cousas que Devemos Saber” e “Cousas que Podemos Fazer” e a estória em quadrinhos da última página que falava na “néné”, assim, afrancesada.
Havia também um dicionário na casa da minha avó com uma iluminura marcando o início de cada nova letra. E a coleção com os endiabrados “Juca e Chico” e “Sinhaninha e Maricota”.
Conclui que relia livros tão pitorescos que acho que os via como “brinquedos” com os quais se brinca várias vezes. Se o público alvo da Freguesia do Livro fizer a mesma coisa com livros antigos doados e isso incentivar a leitura de fato, m-a-r-a-v-i-l-h-a!
Parabéns pela iniciativa.
Raquel
É, livro faz parte da história da gente… Meninas de Sion então! A ficha cheia da biblioteca ainda faz parte forte das minhas lembranças!
BJô
Agora que entrarei de férias, já estava vendo uma gaveta com alguns livros que queria doar… Agora já tem destino, em Julho quando eu for eu te entrego. achei que era apenas livros infantis que vc queria. Agora fazemos um caixinha pra vc. Porque como tenho agonia por livro parado aqui em casa e sabendo que nunca vou reler, passo adiante. tenho este mesmo pensamento: alguém poderá ler. Amo livros e o engraçado é que na faculdade as pessoas acham estranho que eu gosto de ler e estudar???? Acho que quanto mais você sabe, mais poderá argumentar e se libertar… Estudo para mim e para tentar um dia salvar algumas pessoas, mas o engraçado é que estas pessoas que não lêem se encomodam. Adoro esta iniciativa de vocês, acho importante o incentivo a leitura. Parabéns!!! Bjs
Katia, pode mandar! Leitura contamina!
Oi Jô Ribas. Meu nome é Lillian e gostaria de saber se vc tem disponível para venda os livros de ” juca e chico” e ” sinhaninha e maricota” de Wilhelm Busch da melhoramentos. Capa dura e se estão em bom estado.
Estarei aguardando resposta.
Lillian, não vendemos livros, apenas recolhemos doações para repassar para locais que necessitam deles. Obrigada pela visita!
Jô
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[…] isso não é tão fácil quanto parece, não se deixe enganar por minhas levianas palavras. Os livros queridos são difíceis de libertar. Mas é um exercício que podemos tentar. Coloco aqui o meu preferido […]
Adorei,ja aderi a campanha postei no meu face e minha filha beatriz alem de postar no dela tambem ja escolheu um livro e fez ate dedicatoria…valeu Jo…bjss
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[…] em crianças e livros, me lembrei de mim, criança, e da minha relação com livros. Dá pra fazer uma lista das coisas que esse simples pensamento me […]
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Jô, obrigada por esse blog maravilhoso!
Saboreei cada cantinho dele!
Segue uma crônica minha do livro “Confidências ao Meio Dia” que é a primeira e que deu origem a tudo que veio depois…
A CONTADORA DE HISTÓRIAS
Minha mãe contava histórias.
E como era maravilhoso!
Realmente a pessoa tem que ter um dom a mais para fazer com que os ouvintes possam “viajar” com ela naquele passeio pelo imaginário!
Ela reunia a nós, seus filhos e mais quantas pessoas houvesse: amigos, empregada, agregados.
E era aquele suspense: que história seria hoje?
Tinha algumas que ela contava em capítulos, era já uma precursora das novelas de agora…
Nós adorávamos!
Uma vez, ela que terminava o curso de piano na capital, ficou vários dias fora e quando voltou, nos contou dos filmes a que assistira nos cinemas: A Noviça Rebelde e Sissi.
Naquela noite, nos reunimos eufóricos esperando mamãe começar.
Era como um teatro: nos sentávamos em meia lua à sua frente e a magia começava!
Foram noites memoráveis!
Seus olhos brilhavam, suas mãos acompanhavam em gestos os acontecimentos e sua voz ora baixava num sussurro ou erguia em tom mais alto quando era necessário.
Ela levou muito tempo: parava sempre nas horas mais importantes! Eu via em minha frente, aquela fila de moças lindas, com seus vestidos longos, rodados, esperando o príncipe fazer sua escolha, enquanto ele entrava com um buquê de rosas vermelhas para entregar à escolhida. E passava por elas e pela irmã que pensava ser ela a escolhida e seguia até parar em frente a Sissi! Eu “via” tudo acontecer e queria saber o final…
E lá estávamos todos nós esperando, no dia seguinte, a continuação da história.
Minha mãe tinha nos enfeitiçado! Era como uma mão poderosa que segurava os fios como se manipulando nossas vidas!
Hoje, muito tempo depois, sou grata por ter tido esse privilégio num mundo onde poucas pessoas o têm.
E, quando fui assistir os filmes, nem de longe me foram tão lindos quanto aos que ouvi minha mãe contar!
Apenas para esclarecimento: O livro “Sinhaninha e Maricota” (Lies und Lene) não é de autoria de Wilhelm Busch, e sim de Hulda Von Levetzow.
Obrigada pela contribuição, Herculano.
Prezado Herculano
Sabes se a tradução brasileira, da Editora Melhoramentos, pode ser encontrada (digitalizada ou impressa) em algum lugar? Localizei o original alemão digitalizado em um site com imitações de Wilhelm Busch:
http://www.wilhelm-busch-seiten.de/werke/liesundlene/index.html
Caro Fernando:
Nunca consegui encontra o livro “Sinhaninha e Maricota” em nenhum sebo ou livraria especializada. Já Juca e Chico de Busch, consegui um exemplar novo, em uma livraria de Belo Horizonte. A Editora Itatiaia de BH relançou recentemente o referido livro a preço módico. Consegui usado em um sebo um exemplar de “Rico o Mico” também de Busch.
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Bem. Também li muito Juca e Chico e para meu prazer encontrei um exemplar na UFRJ. Agora o livro Sianinha e Maricota (lembrança que minha mãe tem hoje) não consegui encontrá-lo.
Abaços.
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Minha mãe tem 95 anos e é muito lúcida graças a Deus e vive me pedindo para encontrar os livros infantis sianinha e maricota que ela quer mostrar as bisnetinhas mas não sei aonde encontrar alguem pode me ajudar?
Sou de Belém no Pará
Edilene, não vi esses livros até agora na nossa Freguesia do Livro. Mas, se aparecer, te aviso. Já tentou no http://www.estantevirtual.com.br?